Mod.1 História Cederj 1 | Page 33

CAPÍTULO 3:: 33 e determinar leis para todos os católicos. Ou seja, o papa podia interferir em todos os reinos, colocando-se acima da autoridade do rei.
Para os reis europeus, isso era um problema. Primeiro, porque os tributos cobrados pela Igreja eram transferidos para Roma, tirando riquezas do reino. Em segundo lugar, porque os monarcas desejavam ser a autoridade máxima em seus reinos e isto significava controlar a interferência do papa. A Igreja deveria permanecer, mas o poder religioso deveria ser controlado pelo rei.
Por último, o comportamento do clero provocou uma enxurrada de críticas e insatisfações dos fiéis. Muitos deles viviam com muito luxo, explorando os camponeses com altos tributos. Outros pouco conheciam da Bíblia, eram mal preparados e não conseguiam orientar os católicos. Havia também a venda de indulgências, ou seja, o perdão dos pecados, que enriquecia os cofres da Igreja e punia os fiéis mais pobres, que não tinham como comprar seu“ pedacinho no céu”. Por último, o clero praticava a simonia, vendendo para os fiéis relíquias sagradas como pedaços de madeira, tecido, espinhos.
Diante de tal conjuntura, não é de se admirar a publicação da gravura a seguir em 1497... A Igreja estava afundando.
SEFFNER, Fernando. Da Reforma à Contra-Reforma. São Paulo: Atual, 1993.
Com tantas críticas, começaram a surgir dentro da Igreja propostas de mudança. E foi uma delas que deu início ao processo que ficou conhecido como Reforma protestante, que em poucas décadas dividiu a cristandade europeia em várias religiões cristãs.
� ������� �� ����������� �� ������ ��������� A reforma luterana Em 1517, o monge alemão Martinho Lutero, um dos descontentes, fixou na porta do templo de sua comunidade um documento no qual condenava vários atos da Igreja – como a venda de indulgências e a simonia – e discordava de algumas regras e crenças católicas.
Lutero afirmava que todo cristão era um sacerdote, com condições de interpretar por si mesmo a palavra de Deus. Mas, para isso era necessário conhecer a Bíblia, escrita apenas em latim, que somente o clero podia ler. Lutero, então, traduziu o livro sagrado para o alemão, permitindo o acesso de um maior número de pessoas. Agora, reflita um pouco: se os fiéis podiam conhecer sozinhos a palavra de Deus, o que aconteceria com os padres? De acordo com esse pensamento, o clero perdia a função de intermediário entre Deus e os fiéis.
As ideias de Lutero causaram a reação da Igreja Católica, que acabou excomungando – expulsando – o monge alemão. Mas ele tinha conseguido o apoio de grupos muito fortes na Alemanha. O primeiro deles, a nobreza, defendeu Lutero militarmente contra os católicos e se converteu à nova igreja que ele fundou. Desta forma, os nobres conseguiram a independência do poder do papa e tomaram conta das terras que eram da Igreja Católica.
O segundo grupo que apoiou Lutero era formado pelas camadas mais pobres da população, principalmente os camponeses. Levando uma vida difícil e sempre muito explorados pelos senhores feudais, os servos viram no questionamento de Lutero à Igreja um caminho para mudar suas condições materiais. Afinal de contas, Cristo não tinha vivido entre os pobres dividindo entre todos a comida e a bebida? Com essa interpretação da Bíblia, os camponeses defendiam o direito de dividir as riquezas existentes, o que significava dividir as terras entre eles. Assim, organizaram um movimento que ocupou as propriedades em várias regiões alemãs e atacou diretamente o poder dos nobres. Foi a chamada Reforma camponesa, que previa mudanças não só na forma de se relacionar com Deus, mas também na sociedade, para assim criar uma ordem com mais igualdade.
Nesse momento, porém, os camponeses perderam o apoio de Lutero, que orientou os nobres a reprimi-los, afirmando, em 1525:
O evangelho não torna comuns os bens, exceto no caso daqueles que fazem por espontânea vontade, o que os Apóstolos e Discípulos fizeram [...]. Entretanto, nossos camponeses querem comunizar os bens dos outros homens, e que os seus próprios fiquem para eles. Que belos cristãos, esses! Acho que não sobrou nenhum diabo no inferno, transformaram-se todos em camponeses. [...]
É uma ninharia para Deus o morticínio de um lote de camponeses, pois ele afogou a Humanidade inteira por meio do Dilúvio, e fez desaparecer Sodoma por meio do fogo. Os camponeses foram derrotados e a reforma da sociedade não foi adiante, mas a Igreja Luterana se fortaleceu unida à nobreza alemã. Nessa nova Igreja, institui-se o fim da proibição do casamento dos sacerdotes e a abolição das imagens de santos e do culto à Virgem Maria. Os cultos eram feitos na língua falada pelos fiéis e não mais em latim. A confissão foi abolida, pois somente Deus poderia perdoar os pecados dos homens.
A reforma calvinista
A contestação iniciada por Lutero rapidamente ganhou seguidores em várias regiões da Europa, comprovando que as insatisfações com a Igreja Católica existiam em toda parte. Um desses seguidores foi o francês Calvino que, assim como Martinho Lutero, foi criado dentro do catolicismo.
Calvino se converteu ao luteranismo em 1530 e, por isso, foi perseguido na França, tendo que se mudar para Genebra, onde criou sua própria Igreja, cuja ideia principal era a seguinte: a pessoa já nascia predestinada por Deus para a salvação ou condenação, não importando o que ela fizesse durante sua vida. Essa ideia era diferente do que acreditavam os católicos, para quem a salvação da alma viria através da realização de boas obras e de orações, e também do que acreditavam os luteranos, que afirmavam que só a fé era capaz de garantir a salvação.
Na cidade de Genebra, com o apoio das autoridades políticas, Calvino