32:: HISTÓRIA:: MÓDULO 1
como o catolicismo se construiu na Europa.
Durante a Idade Média( entre os séculos V e XV), a Igreja Católica conquistou um grande poder na sociedade europeia ocidental. Camponeses e nobres tinham sua vida organizada em torno das regras católicas; as orações estavam presentes em vários momentos do dia, as doenças eram curadas através de rezas, bênçãos e exorcismos. Todo o mundo – nascimentos e mortes, catástrofes naturais e momentos de fartura, pobreza e riqueza – era explicado pela vontade de Deus, que era transmitida aos fiéis pelos padres católicos.
No campo da educação e do pensamento, a Igreja era igualmente muito poderosa. As universidades eram chefiadas por religiosos, as principais bibliotecas se encontravam nos mosteiros. Manifestações culturais como a pintura, música, literatura e escultura estavam ligadas ao mundo religioso, sendo vistas como uma forma de louvar a Deus e de ensinar aos católicos como se comportar corretamente. Fora dessas funções, os artistas eram muitas vezes perseguidos e as artes proibidas.
O poder da Igreja Católica romana também vinha dos tributos que ela recebia dos fiéis, como o dízimo e uma parte da herança daqueles que morriam. Por possuir muitas terras, recebia dos camponeses outros tributos. Isso significava que os líderes da Igreja, como bispos e cardeais, controlavam uma rica fonte de renda.
Outro fator que fortalecia muito a Igreja Católica era o fato de que o poder político estava dividido entre os senhores feudais, como já discutimos. A Igreja, ao contrário, estava em toda a Europa e tinha um poder centralizado em Roma com uma autoridade poderosa, o papa, que podia estabelecer regras para todos os católicos – fossem eles franceses, portugueses ou holandeses.
Muitas vezes, era o papa quem intervinha nos conflitos entre nobres e reis da Europa. Por exemplo, na disputa entre Espanha e Portugal durante a expansão marítima, no final do século XV, foi o papa quem estabeleceu o Tratado de Tordesilhas, definindo que terras pertenceriam à Espanha e que terras seriam de Portugal.
Por todas as razões já citadas,, a Igreja Católica era a principal instituição da Europa ocidental. Dos mínimos detalhes do dia de um servo até os acordos entre monarcas, a influência da religião e do papa se fazia presente.
O trabalho religioso diário era desenvolvido pelo clero – como chamamos o grupo de indivíduos que“ trabalha” na Igreja. Eram padres, bispos, cardeais, monges, freis. Podemos dividi-lo em dois grupos: o baixo clero, formado pelos padres que atuavam nas igrejas e paróquias e vinham das camadas mais pobres da população. Era comum que esses religiosos não fossem bem preparados para sua função e muitas vezes suas vidas eram muito parecidas a dos camponeses, em meio à pobreza.
O segundo grupo era denominado alto clero. Dele, faziam parte os bispos e cardeais, que controlavam e administravam os bens da Igreja.
Estes, ao contrário dos homens do baixo clero, pertenciam à elite da sociedade medieval. Muitas vezes, eram nomeados ou compravam um cargo importante, mas não moravam na região que deviam administrar. Por isso, não estabeleciam relações com os fiéis daquela comunidade e nem controlavam a atuação dos padres nas paróquias.
�� ������������ � ������� �� ������� �� �������� ��������� � as novas ordens religiosas
Se observarmos a situação econômica da Igreja Católica no século XV, chegaremos à conclusão de que ela era muito diferente do tipo de vida que Jesus Cristo teve e que as primeiras comunidades cristãs tentaram construir. Com suas catedrais belíssimas, seus tesouros guardados, a enorme quantidade de terras que possuía, a Igreja se transformou numa instituição muito rica e luxuosa, beneficiando muitos membros do clero.
Isso não deixou de ser uma razão para o aparecimento de críticas por parte dos católicos durante o período medieval. Muitas vezes, vamos encontrar católicos pobres, servos e camponeses participando de movimentos de contestação, chamados de heresias. Esses movimentos condenavam os privilégios do alto clero, reclamavam dos padres sem instrução adequada e que viviam afastados de seus fiéis e pediam a volta a uma religião mais simples.
Também no interior da Igreja eram constantes as críticas quanto ao seu afastamento das suas origens. Algumas mudanças foram feitas, buscando aproximar a igreja da população, como o aparecimento, no século XIII e XIV das ordens de frades( dominicanos e franciscanos), que viviam fora dos mosteiros e dedicavam- se à beneficência, à pregação e ao ensino,. No entanto, jamais abriu mão de seus dogmas e as mudanças foram incapazes de conter as insatisfações da sociedade.
A Igreja reagiu às críticas buscando controlar as reformas internas e reprimindo os movimentos heréticos. Para isso, recorreu a exércitos armados e, por decreto papal do século XIII, criou o Tribunal do Santo Ofício, responsável pelo processo conhecido como Inquisição, que investigava, condenava e punia com violência os fiéis que contestavam as regras vindas de Roma. Seus métodos incluíam a delação, a confissão sob tortura, o julgamento sumário e a impossibilidade de apelação à condenação e a entrega para execução.
A Igreja Católica e as mudanças a partir do século XIV
A Igreja Católica não ficou de fora das mudanças ocorridas com a grave crise da sociedade feudal no século XIV. As revoltas dos camponeses contra a imensa exploração dos senhores feudais atingiram também a Igreja, grande proprietária de terras e que cobrava altos tributos dos servos. Além disso, as mortes causadas pela peste bubônica e pela fome levaram a população europeia ao desespero, buscando uma explicação de Deus para a situação em que se encontravam. As pessoas se tornaram cada vez mais religiosas, mas não se ligavam às pregações da Igreja. Buscavam, elas mesmas, praticar sua religião de maneira pessoal e estabelecer sua própria comunicação com Deus. Com isso, o clero perdeu um pouco de sua autoridade sobre os fiéis.
O Renascimento, que acabamos de estudar, foi outro fator que ajudou no enfraquecimento do poder da Igreja Católica. Quando as pessoas começaram a observar e investigar a natureza, buscando em sua mente as respostas para o funcionamento das coisas, Deus passou a ocupar um lugar diferente. As novas ideias sobre o ser humano eram também novas ideias para as relações com Deus.
O fortalecimento do poder dos reis foi um quarto fator de enfraquecimento da Igreja Católica. Como já vimos, o papa era uma autoridade reconhecida por todos os fiéis, fossem camponeses, burgueses ou nobres. Por isso, podia cobrar impostos