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C APÍTULO 3 :: 27 diferentes regiões da Europa, deixou de desempenhar o papel que tinha antes nas relações entre nobres e camponeses. Por essas razões, parte da nobreza feudal saiu da crise do século XIV mais fraca. Isso não quer dizer que ela tenha perdido sua posição dominante na sociedade, mas que teve que aceitar algumas mudanças a fim de salvar suas rendas. Por outro lado, as atividades comerciais cresceram no campo, e a burguesia se colocou cada vez mais como um grupo com o qual os nobres deviam conviver. :: Síntese :: s NO INÓCIO DO SÏCULO 8)6 A SITUA ÎO DOS CAMPONESES EUROPEUS SE CARACTERIZAVA POR UM PROCESSO DE CRESCENTE EMPOBRECIMENTO QUE ATINGIU TAMBÏM OS CENTROS URBANOS s A CRISE DO SÏCULO 8)6 FOI MARCADA PELA EPIDEMIA DE PESTE BUBÙNICA GUERRAS E REVOLTAS QUE RESULTARAM NA MORTE DE UM TER O DA POPULA ÎO EUROPEIA s VÉRIOS ASPECTOS QUE CARACTERIZAVAM A SOCIEDADE FEUDAL FORAM MODIlCADOS EM RAZÎO DOS EFEITOS DA CRISE DO SÏCULO 8)6 %NTRE ELES O FORTALECIMENTO DAS ATIVIDADES COMERCIAIS E O ENFRAQUECIMENTO DA NOBREZA FEUDAL O processo de centralização do poder político e a formação das monarquias absolutas O surgimento de um novo tipo de Estado e as relações com os grupos sociais A crise vivida pelos europeus durante o século XIV também produziu importantes mudanças na organização do poder político. No primeiro item deste capítulo, vimos que os nobres feudais possuíam a autoridade sobre as pessoas que viviam em suas terras, podendo fazer leis, julgamentos e recolher impostos. Muito de seu poder era garantido pelos exércitos particulares que eles mantinham e que os ajudavam a conseguir a obediência das pessoas. Os reis, apesar do título, não tinham condições de impor sua autoridade sobre os habitantes do reino. Muitas vezes, isso acontecia porque seus recursos não eram suficientes para organizar exércitos capazes de enfrentar as forças dos nobres feudais. Dessa forma, o poder político – a autoridade – estava dividida entre os diversos senhores. É por isso que afirmamos que o poder político encontrava-se descentralizado. Essa organização, entretanto, se modificou, e o que vamos acompanhar agora é um processo de centralização do poder e de fortalecimento dos reis que se desenvolveu entre os séculos XIV e XVI, dando origem às monarquias absolutas ou estados absolutistas. Muitos fatores são importantes para entender esse processo que concentrou o poder político nas mãos dos reis, ou monarcas. O primeiro fator que podemos citar se relaciona diretamente com a crise do século XIV, que acabamos de discutir. As revoltas camponesas que se espalharam por diferentes regiões da Europa ameaçaram seriamente o poder da nobreza. Muitas vezes, os exércitos particulares dos nobres feudais foram incapazes de controlar os camponeses. Por isso, sentiu-se a necessidade de criar um exército nacional, comandado pelo rei, que tivesse mais condições de defender a posição da nobreza. Com exércitos mais fortes, os reis puderam não só controlar as revoltas camponesas, mas também os senhores feudais, proibindo os exércitos particulares e obrigando os nobres a aceitar suas leis. Esse processo foi longo e é importante dizer que uma parte da nobreza apoiou as iniciativas reais, enquanto outra resistiu com armas à perda de sua autoridade, mas foi vencida. Por outro lado, o fortalecimento das monarquias fez com que muitos nobres encontrassem uma nova forma de recuperar suas rendas perdidas com a crise: muitos cargos públicos foram criados para atender às necessidades dos novos estados, com poder mais centralizado. Antigos senhores feudais se transformaram em ministros, conselheiros, juízes ou arrecadadores de impostos, recebendo pelos serviços prestados ao reino. Essa foi outra maneira encontrada pelo rei para conquistar o apoio da nobreza. Para criar seu exército nacional forte, os reis precisavam de recursos. E de onde eles viriam? É aí que vamos encontrar a atuação da burguesia. Muitos banqueiros e comerciantes importantes emprestaram somas de dinheiro aos monarcas, financiando seus exércitos. Em épocas posteriores, o estabelecimento de impostos pagos pelos súditos garantiu um fluxo de recursos para as monarquias. Além disso, o rei precisava de funcionários para fazer a justiça, cobrar impostos, fiscalizar o cumprimento das leis, cuidar da diplomacia. E os homens com mais experiência nessas atividades vinham das grandes casas bancárias e comerciais, homens acostumados a organizar negócios a longa distância e que auxiliaram o monarca a estabelecer um sistema de contabilidade e administração para o reino. Isso tornou a burguesia uma grande parceira do rei. Mas, que motivos podem ter levado os grandes comerciantes e banqueiros a apoiar o fortalecimento do poder real? Vamos pensar um pouco na organização feudal. Cada nobre possuía autoridade dentro de seus domínios e, com isso, podia estabelecer sua própria moeda e taxas a serem pagas pelos viajantes. Isso encarecia as mercadorias e dificultava as trocas comerciais. Constantemente, também ocorriam conflitos armados entre os nobres que atrapalhavam o comércio. O objetivo da burguesia era que o rei estabelecesse uma maior unidade das moedas, sistema de pesos e cobranças dentro do reino. Ou seja, em vez de cada região ter sua própria moeda e impostos, haveria uma maior uniformidade, criando um mercado nacional para o comércio. Os comerciantes também queriam que o rei impedisse ou controlasse a entrada no reino de produtos de concorrentes estrangeiros, protegendo o mercado nacional. Podemos dizer que, para os burgueses, a centralização política veio acompanhada do crescimento do comércio. Para os nobres, podia significar a perda de autoridade, mas também cargos públicos e novas rendas. Mas, e os camponeses? Pa