Mod.1 História Cederj 1 | Page 28

28 :: H ISTÓRIA :: M ÓDULO 1 Pensando a autoridade absoluta dos monarcas Com o fortalecimento da autoridade do rei, vários pensadores da época refletiram sobre o que justificava monarcas tão poderosos. Um desses pensadores foi o bispo Jacques Bossuet, que afirmou no século XVII: O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus... Os reis... são deuses e participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor, e deve obedecer-se-lhe sem murmurar, pois o murmúrio é uma disposição para a sedição. (Política tirada da Sagrada Escritura) De acordo com Bossuet, o poder dos reis era dado por Deus e, por isso, devia ser respeitado e obedecido por todos. Ele foi um dos homens que elaborou a Teoria do Direito Divino dos Reis. Outros pensadores, como Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes, tentaram compreender o crescimento da autoridade real por outros caminhos, buscando nas ações dos homens a justificativa para o poder dos monarcas. Os fins justificam os meios. Você provavelmente já escutou essa frase em algum lugar. Ela foi escrita no século XVI por Maquiavel, pensador italiano que afirmava que os reis e príncipes deviam ter como objetivos – os fins – a grandeza e o enriquecimento do Estado. Para isso, os monarcas deviam agir politicamente para fortalecer seu poder, sem se importar com o certo ou errado – os meios. Já para o inglês Thomas Hobbes (século XVII), o Estado existia por causa de um contrato feito entre os indivíduos de uma sociedade. Eles aceitavam a autoridade de um rei para que este acabasse com os conflitos existentes entre as pessoas e também as protegesse contra ameaças vindas do exterior. Eram os monarcas “absolutos”? Assim, podemos identificar a formação de um tipo de Estado que ficou conhecido como Estado absolutista ou monarquia absolutista, que vai perdurar durante a Época Moderna (entre os séculos XVI e XVIII). Nele, a autoridade política se concentrava nas mãos dos reis, que tinham poder para administrar o reino, fazer leis, organizar a justiça, comandar a guerra. Mas, não devemos pensar que esse processo foi rápido e já no século XVI os reis eram absolutos em seus domínios. Muito pelo contrário, levou muito tempo para que isso acontecesse. Alguns autores afirmam que somente no século XVII os reis conseguiram controlar os poderes locais e regionais de nobres e associações. A criação de uma administração eficiente, com funcionários presentes em todas as partes do reino, e a cobrança de impostos também se desenvolveram lentamente. Por último, como dissemos acima, o rei tinha também obrigações para com os moradores de seu país. Por isso, não devemos entender ao pé da letra a ideia de um poder absoluto do rei, sem nenhum limite. Mas, se compararmos as monarquias absolutas com a descentralização do poder que existia na sociedade feudal, vamos reconhecer que o rei passou a ocupar um lugar central. No século XV, vários reinos europeus já tinham estabelecido suas fronteiras, ainda que um pouco diferentes das atuais. Foi o caso de Portugal, Espanha, França e Inglaterra. Outras regiões, como as que viriam a ser Itália e Alemanha, ainda se dividiam em principados e ducados, como podemos observar no mapa a seguir: Europa Ocidental :: Século XVI Inglaterra Holanda Oceano Atlântico Saxônia SACRO IMPÉRIO Luxemburgo ROMANO-GERMÂNICO Boêmia FRANÇA Franco Baviera Áustria Estíria Condado Tirol Caríntia Navarra PORTUGAL Catalunha Aragão Polônia Hungria Gênova IMPÉRIO TURCO-OTOMANO Córsega Estados Pontifícios ESPANHA Nápoles Mar Mediterrâneo Sardenha Sicília FRANCO JR, Hilário, ANDRADE FILHO, Ruy de O. Atlas de história geral. São Paulo: Scipione, 1993. p.43. (adaptado)