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20:: HISTÓRIA:: MÓDULO 1
das mercadorias mais valorizadas no local.
Toda essa riqueza se sustentava nos tributos pagos pelas aldeias submetidas ao reino, na exploração das minas de ouro e no comércio de longa distância. Mas o reino do Mali acabou se desagregando no século XV, justamente por não conseguir manter o controle sobre suas fronteiras. Atingido pelas consequências da presença portuguesa a oeste e da pressão de um novo reino africano que se fortalecia a leste, Mali perdeu sua força.
O novo reino que se formava acabou conquistando boa parte do antigo Mali. Era o reino de Songhai, que também cresceu e formou um império, ainda maior que o reino do Mali. Seus governantes eram do povo“ soninké”. O território de Songhai era dividido em vice-reinados e províncias, e tinha um exército profissional para garantir sua estabilidade e dar segurança ao comércio. Os soberanos desse reino, entre muitas outras iniciativas, investiram em melhorias na agricultura, trazendo técnicos judeus conhecedores do assunto, e unificaram pesos e medidas dentro das fronteiras do reino.
Enquanto isso acontecia na África Ocidental( onde ficavam Mali e Songhai), no sul da África Oriental, às margens do Oceano Índico, crescia e tomava força um outro reino igualmente rico e poderoso. Tratava-se do reino de Muene Mutapa, que existia desde séculos anteriores, mas alcançou especial esplendor no século XV. O povo“ shona”, que fundou esse reino, ergueu na época impressionantes construções de pedra que existem até hoje no atual Zimbábue. A riqueza do reino vinha do comércio de objetos de ferro, fabricados a partir de matérias-primas de suas minas e de uma técnica sofisticada de metalurgia. Esse reino comerciava pelo porto de Sofala( em Moçambique atual) os seus produtos e os escravos que capturava nas guerras que promovia. A Índia era um de seus principais compradores.
Vejamos então: reinos ricos e poderosos na África, em permanente contato com o Oriente e a Europa. Muito diferente da ideia que se tem da história dos povos desse continente, não é verdade? Vamos pensar nessas diferenças e tentar entendê-las.
Esse era o mundo africano nos séculos XIV e XV, tão diverso, tão atraente para os olhos cheios de interesse dos europeus, em especial os portugueses – tão próximos da África pela geografia e pela história de seu país. Ouro da África, riquezas, terras sem fim. Não sem razão os portugueses iniciaram a expansão marítima pelo norte da África. No ano de 1415, tomaram a cidade de Ceuta, antigo porto norte-africano. Dali começaram a contornar o litoral africano em direção ao Oceano Atlântico, deram nomes aos acidentes geográficos que percebiam, marcando caminhos.
Aos poucos, conseguiram chegar até alguns pontos do litoral africano, fazer alianças com os povos do lugar e começar a comerciar com eles por esta via – o Oceano Atlântico. Cada vez as expedições iam mais longe... Chegaram ao Golfo da Guiné, onde vieram a fundar o forte de São Jorge da Mina, e também à desembocadura do rio Zaire, que os levou ao poderoso reino do Kongo, no interior. Esse reino, que tinha o tamanho de um quarto do território francês de hoje, era governado pelo manikongo( título de seus reis), e o povo“ bakongo” era a sua base. Esses reis ampliaram no século XV as fronteiras de seu reino através de guerras e alianças matrimoniais – casavam-se com as filhas de chefes de povos vizinhos e recebiam o domínio de novas áreas.
A riqueza do reino do Congo era obtida de diferentes formas. Primeiramente, através do trabalho agrícola, o qual, apesar da terra pouco fértil, era muito desenvolvido em termos de tecnologias para aproveitamento do solo. Outra forma de riqueza era o comércio de ferro e de sal. Comerciava-se também objetos de cobre, joias, objetos de marfim – antes mesmo da chegada dos portugueses em 1483. Quando estes chegaram, o comércio se intensificou e passou a ter como mercadoria algo muito precioso para os portugueses na época: os escravos.
Finalmente, em 1488, os navegantes portugueses deram a volta ao sul do continente e chegaram ao Oceano Índico. Estava descoberto o caminho marítimo para as Índias, como ficou registrado. Mas, além da Índia e suas riquezas, essas navegações colocaram os portugueses em contato com sociedades do litoral da África Oriental e com todo o ativo comércio dessa região. Imaginem quantas possibilidades eles viram!
Novas rotas se criaram, novos caminhos... Esses caminhos acabaram por conectar a África ao Brasil – e foi o começo de uma nova fase da nossa História.
:: Síntese:: Algumas das características que podemos assinalar sobre os povos africanos entre os séculos XIV e XV são: � ����������� �� ������ �������� ��������� ���������� � � �������� �� ������������� � ��� �������� ��� ��������� de diferentes formas, entre os diferentes grupos e nas diferentes regiões;
� ����� ����� � ���������� ������� ��������� ������ �� continente( sobretudo nas rotas de caravanas pelo deserto do Saara) e para fora do continente, com o mundo árabemuçulmano, com a Europa e com o Oriente.
Aqui terminamos este capítulo. Faça uma revisão do que estudou, procure anotar as principais ideias e informações. E, como exercício, responda às perguntas formuladas ao longo do texto. Para aprender ainda mais, elabore e responda perguntas com base nos quadros de síntese. Isso pode ser feito em dupla, em grupo ou individualmente.
E atenção: o próximo capítulo tem estreita relação com o que acabamos de ver. Perceber essas ligações é fundamental no seu estudo. Retorne ao texto do capítulo sempre que tiver dúvidas.
Vamos lá?
Exercícios
1)( Enem / 2009) Os Yanomami constituem uma sociedade indígena do norte da Amazônia e formam um amplo conjunto linguístico e cultural. Para os Yanomami, urihi, a“ terrafloresta”, não é um mero cenário inerte, objeto de exploração econômica, e sim uma entidade viva, animada por uma dinâmica de trocas entre os diversos seres que a povoam. A floresta possui um sopro vital, wixia, que é