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16:: HISTÓRIA:: MÓDULO 1
Além dos produtos e tecnologias, outros conhecimentos como a medicina chinesa, utilizando a acupuntura, a filosofia e os conhecimentos científicos dos indianos cruzavam montanhas, desertos e vales até a Europa, nas caravanas do comércio de longa distância. Grande parte desse comércio era feita por mercadores de origem árabe, muitos deles muçulmanos.
Mas não só o comércio levou produtos do Oriente para a Europa. As guerras e a expansão de alguns povos também levaram. Foi o caso da expansão mongol, com os exércitos de Genghis Khan, no século XIII, que criou a base para o grande Império Mongol. Foram os exércitos mongóis que levaram para a Europa as armas de fogo e a pólvora.
A China
Na China, o século XIV foi marcado pela ascensão de um governo centralizado na Dinastia Ming, que derrotou o imperador mongol. De origem camponesa, o primeiro soberano Ming era um militar. O início do governo da dinastia foi dedicado à defesa( término da construção da Grande Muralha com seus 5.000km) e à retomada de territórios chineses no norte do país.
Esses governantes implementaram, também, uma política de expansão comercial, estabelecendo trocas comerciais com distintas regiões asiáticas. No mesmo período, grandes expedições marítimas, com até mais de cinquenta barcos cada uma, espalharam o nome do imperador chinês na África oriental, a Arábia, a Índia, o Ceilão( atual Sri-Lanka), o Sudeste asiático e o Vietnã. O reconhecimento de sua supremacia possibilitou o estabelecimento de relações tributárias com outras sociedades asiáticas de quem cobravam tributos. Essas ações da Dinastia Ming trouxeram prosperidade à China e atraíram comerciantes e navegantes de outras partes do mundo, em especial os europeus.
Os governantes chineses desse período realizaram uma política de recuperação da agricultura( irrigação, drenagem, reflorestamento e introdução de novos cultivos. A China era um país essencialmente agrícola e a prosperidade da sua área rural garantia o fornecimento de produtos para o comércio e a alimentação de sua gente. O trabalho dos camponeses e dos artesãos era a base da produção de riqueza na China nessa época. Mercadorias como as finíssimas sedas e a porcelana saíam dessas mãos.
O Japão
O Japão vivia sob forte influência cultural e mesmo política da China. Entre os séculos XIII e XVI ocorreram várias guerras internas. Os“ shoguns” – chefes da guerra e senhores da terra – e os“ samurais” – os guerreiros – faziam parte de uma estrutura de poder que se impunha sobre os camponeses e disputava o domínio sobre territórios. Não havia um rei que dominasse tudo e todos, pois o poder era descentralizado. A aristocracia japonesa era poderosa e reinava sobre as suas parcelas de domínio, sem permitir um poder externo superior.
Os produtos do Japão em grande parte estavam associados às atividades econômicas chinesas. Os japoneses desenvolveram a delicada pintura sobre seda, tornando esse produto ainda mais especial e cobiçado. Além de atividades artesanais, nesse período praticavam a pirataria, principalmente sobre embarcações chinesas. Os japoneses, vivendo num conjunto de ilhas
( num arquipélago, portanto), desenvolveram uma forte atividade naval.
Os europeus chegaram às costas japonesas no século XVI, mas, desde antes, comerciantes japoneses negociavam com mercadores das rotas de longa distância, que cruzavam toda a Ásia, vindos desde o Mar Mediterrâneo.
A Índia
A Índia no século XV estava dividida em sultanatos, ou seja, territórios independentes cujos governantes cheios de poder eram chamados sultões. Diferentes religiões conviviam na Índia. As mais expressivas eram o islamismo, o hinduísmo e o budismo. Na época havia tolerância entre as diferentes religiões.
Na região sul da Índia, nessa mesma época, surgiram muitas cidades de arquitetura luxuosa, como a cidade de Vijayanagar, capital dessa parte do país, com diversos templos e palácios. Hoje, as ruínas dessa cidade-templo ocupam mais de 25km quadrados. Nas cidades reuniam-se as cortes, formadas por muitos estudiosos, filósofos, historiadores ligados aos grandes sacerdotes e sultões. Um verdadeiro grupo de intelectuais e escritores, que deixaram registradas suas ideias e obras em vasta literatura.
Uma das atividades que sustentava toda essa riqueza era a coleta, e a produção e o comércio de gêneros alimentícios( temperos e outros produtos) Pimentas picantes, ervas de cheiro para tempero, corantes alimentícios – que além de dar sabor, serviam como estimulantes e remédios naturais – eram produtos de muito valor. Pensemos: era um tempo sem geladeira, o sal era um produto difícil de se conseguir – como então conservar e dar sabor aos alimentos?
Especialmente no caso da Europa, onde o clima não favorecia o cultivo desses ttemperos, sua presença na mesa e no preparo de chás e infusões medicinais era muito importante. O sabor e as propriedades das chamadas especiarias tornavamnas muito valorizadas. A Índia ficava longe da Europa, era um longo caminho por terra, nas rotas das caravanas, o que encarecia os produtos. Os comerciantes de longa distância, muitos deles muçulmanos, de acordo com a instabilidade da região( guerras, conflitos) podiam encontrar dificuldades no caminho, o que encarecia ainda mais as cobiçadas especiarias.
Em 1498, o navegador português Vasco da Gama chegou à cidade de Calicute, no litoral ocidental da Índia. Logo os portugueses travaram alianças com o soberano local para obter especiarias e levá-las à Europa pela via marítima, contornando a África. Depois de três meses de negociação com o“ samorim”, soberano de Calicute, e muitos presentes ofertados, os portugueses conseguiram ser aceitos como parceiros no rico comércio até então controlado por comerciantes árabes estabelecidos na Índia. Os comerciantes da expedição de Vasco da Gama, ao retornarem depois de sua bem-sucedida viagem à Índia, venderam as especiarias que lá compraram com lucros de até 6.000 %!
Foi o início de uma longa presença portuguesa nessa área, sempre ligada ao comércio de especiarias. Outros tratados comerciais foram feitos entre portugueses e soberanos indianos das cidades costeiras de Diu, Damão, Goa e Cochim, entre outras.
Na verdade, a Índia não era produtora de todas as especiarias, mas centralizava boa parte do comércio desses produtos na região, incluindo os que vinham das ilhas do sul da Ásia. Os comerciantes indianos tinham contatos para trazer importantes produtos como a canela do Ceilão e a nozmoscada das ilhas da Indonésia. No entanto, havia uma especiaria cobiçada