Minha primeira publicação Revista Dealer 79 | Page 20

matéria de capa Kate Cole Kate Cole fala sobre vida, liderança e negócios Durante a chamada Openning Session (Sessão de Abertura) da convenção NADA SHOW 2019, a palestrante Kat Cole, COO & Presidente da FOCUS BRANDS na América do Norte, disse que uma pessoa de sucesso jamais questiona seu sucesso; apenas o persegue continuamente e, como consequência, atinge ainda mais sucesso. Palestrante, convidada para a sessão de abertura da NADA SHOW 2019, Cole se tornou vice-presidente aos 26 anos de idade, passando a presidente da Cinnabon, aos 31 anos. Atualmente, pre- side o grupo Focus Brands, que comanda as empresas SchotzKy´s, Carvel, Cinnabon, Jamba Juice, McAlisters Deli, Moes, e Auntie An- ne´s, todas do ramo alimentício, totalizando 6.400 lojas, presentes em 60 países e que fatura US$ 3 bilhões ao ano. “Não é um negócio grande, mas, também, não é pequeno”, avalia Cole. Conectada, com o mundo, por meio das redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram, a líder investe, ainda, em start ups e ações humanitárias. Kat Cole lembrou que sua história de vida começa na Flórida, ten- do duas irmãs e sendo a filha mais velha de uma mãe solteira, separada do pai alcoólatra. Quando a mãe se separou do pai, ela tinha apenas 9 anos de idade. Aos 15 anos, Cole passou a ser a figura paterna para as suas irmãs. Graduada no ensino médio, ao entrar na faculdade, foi em busca de trabalho, para ajudar nas despesas da casa. Iniciou a carreira como hostess em um restaurante. Já aos 19 anos, a rede de restauran- tes lhe deu a oportunidade de viajar o mundo, para ajudar a ampliar e estruturar a rede. “Aos 20 anos, eu ainda me sentia uma estudante, mas tive de amadurecer, pois me mudei para Atlanta, onde vivo até hoje, em função do trabalho”, declarou Cole. Conforme o grupo crescia, ela crescia junto e, aos 26 anos, tornou-se vice-presidente da Focus Brands. Entre os desafios, Cole recebeu a incumbência de multiplicar o negócio durante a crise de 2008. “Como fazer isso?”, questionou-se, à época. A forma como encarou esse desafio lhe deu alguns ensinamen- tos, sobre “como liderar pessoas, em tempos de mudanças, como extrair o melhor de nós em qualquer tempo, principalmente, nos mais dinâmicos, excitantes e dramáticos períodos. E a primeira lição é que nada acontece sem as pessoas. É preciso envolvê-las, treiná- -las e, principalmente, ouvi-las, para vencer desafios”, disse Cole. Com 8 diferentes marcas, com propósitos distintos, Cole disse que foi preciso saber desenvolver negócios para sorvetes, biscoi- tos, sucos, pretzels, etc. Na terceira geração da franquia, o grupo percebeu que era necessário estar perto do cliente, e ouvir o que ele dizia, pensava e queria. “As pessoas dizem o que você precisa mudar, mas algumas empresas não têm a coragem de lhes pergun- tar, e isso é um grande erro”, garantiu. A começar pelos próprios funcionários que, segundo ela, sem- pre sabem o que deve ser melhorado na empresa, mas não têm 20 Revista Dealer coragem de dizer, a menos que sejam incentivados a isso. “Fazemos análises, contratamos consultorias, levamos um tempão para chegar a uma conclusão para uma mudança que, se tivéssemos ouvido os colaboradores, já teríamos feito antes”, comentou, acrescentando: “Lembro de quando minha mãe me chamou para falar da separa- ção com meu pai. Ela estava nervosa, trabalhava como secretária e estava totalmente sem recursos para criar três filhas sozinha. Ela me chamou e disse: ‘Chega, vou me separar do seu pai’. E eu, aos 9 anos de idade, lhe respondi, sem chorar: Por que demorou tanto? Já deveria ter feito isso há muito tempo”, comentou Cole, advertindo a plateia: “Por isso, ouçam as pessoas que estão perto de você, pois elas, normalmente, sabem o que você deve fazer, mas não têm a sua autoridade e autonomia para isso”, concluiu. Case Cinnabon – Durante a recessão, em 2010, Cole enfrentou o desa- fio da crise norte-americana, que provocou a retração nas vendas de alimentos também. Os produtos da Cinnabon continham açú- car, e as pessoas diziam que não queriam consumir açúcar. Outro desafio era que todas as lojas estavam estabelecidas em shoppings centers, com aluguéis caros e que estavam com menor frequência de visitantes (isso, antes da alta penetração do e-commerce no mundo). E, por último, o preço dos produtos também passou a ser maior do que o consumidor estava disposto a pagar. “Nosso negócio dependia das viagens de turistas e de compras que faziam e, durante a crise, as pessoas pararam de viajar e de comprar”, lembrou a executiva. Após 3 anos de vendas em queda e com um terço dos fran- queados Cinnabon com problemas financeiros, o que não enco- rajava outros empresários a entrarem no negócio, Cole repensou a estratégia. “Se o modelo de negócio era trágico, para a época, a marca, ao contrário, era amada e tinha credibilidade no mercado. Os produtos tinham alta qualidade, reconhecida. Como sou uma pessoa acostumada a ter expectativas baixas, pois essas são fáceis de superar, me comprometi, inicialmente, com meus franqueados, a ajudá-los a se recuperar, pois eles não queriam deixar o negócio, gostavam de trabalhar com a marca Cinnabon”, contou Cole, acrescentando: “mas eles tinham deixado de acreditar no negócio, e pararam de investir. Foi quando lhes disse que eles tinham um ótimo negócio em mãos e que deveriam lutar para mantê-lo. Não fazia sentido perder franquias, enxugar o número de lojas, pois deveríamos estar preparados para quando a economia voltasse a se recuperar”.