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Saúde do trabalhador e da trabalhadora sobre a ótica da Terapia Ocupacional.

Nas últimas décadas, o Brasil vem passando por intensas transformações econômicas, sociais e culturais. Um aspecto notável dessas modificações é o crescente avanço científico e tecnológico, com destaque para a grande aplicação em novas tecnologias, o que tem causado alterações significativas nas formas de organização do trabalho, nos processos de bens e serviços e no modo de ver e vivenciar o trabalho, o que tem repercutido diretamente na saúde dos trabalhadores e nas suas opções por qualidade de vida.

O trabalho possui para o trabalhador um duplo caráter: por um lado é fonte de realização, satisfação, prazer, estruturando e conformando o processo de identidade dos sujeitos; por outro lado, pode também se transformar em elemento patogênico, tornando-se nocivo à saúde (DEJOURS, 1992). . . . .

O processo de industrialização e globalização econômica atual, tem definido intensas transformações no mundo do trabalho. Inovações tecnológicas, mudanças na organização do trabalho, trabalho informal, o surgimento de novas profissões em detrimento de outras e o desemprego são alguns dos fatores que estão contribuindo para que haja uma redefinição das relações entre capital e trabalho, levando as instituições pública e privadas a se reorganizarem para se adequar a realidade (LANCMAN, S.; GHIRARDI, 2002).

Essas mudanças tem causado um impacto na vida de indivíduos que são obrigados a conviver com lógicas de mercado cada vez mais excludentes, robotizadas e que se modificam constantemente, gerando situações de instabilidade e ameaça, vivenciados como um mal dos tempos modernos (LANCMAN; SZNELMAN, 2004). . .

É importante destacar que para a Terapia Ocupacional o significado do trabalho não é voltado para aquisição de bens, uma vez que influencia na construção da identidade, permitindo trocas materiais e afetivas, fazendo parte das relações cotidianas, possibilitando levar o indivíduo a ser forte e desencadear transformações positivas quando valorizado, como afirma Lancman (2004) . . .

Entretanto, quando o sujeito se encontra inserido em contextos laborais insalubres, locais de trabalho e ambientes em que não favorecem seu desenvolvimento e reconhecimento profissional, é comprovado que a construção positiva da identidade social e suas relações, são prejudicadas, dando lugar a processos de desgaste que afetam a saúde e outras áreas da vida do trabalhador (LANCMAN, UCHIDA, 2003).

De tal modo, é importante perceber a influência da organização do trabalho, bem como, seu impacto na saúde do trabalhador, para a criação de formas de intervenção, prevenção de situações geradoras de adoecimento, afim de evitar situações de estresse ocupacional e casos como a síndrome de Burnout que se afastam da ideia de satisfação com a vida.