Minha primeira publicação EXNETO | Page 11

Ao falar do termo estresse, o mesmo refere-se a vários sentidos atribuídos a ele, sendo algumas vezes, uma explicação de sentimentos e racionalizações que explicam uma situação onde a pessoa não consegue expressar a complexidade por ela vivenciada (EVERLY, 2004). O estresse pode ser compreendido como processo adaptativo que reflete o nível de repercussão de agentes estressores internos e/ou externos sobre a capacidade de adaptação, quando existe a percepção de uma ameaça real ou imaginária (SANTOS, 2014). Que ameaça poderia ser esta? Os motivos são diversos. Desde o rompimento de relações familiares por motivos do trabalho, prejuízos na saúde e concomitantemente atingindo baixa satisfação com a vida, até impactos que afetam diretamente no desempenho ocupacional do sujeito em realizar as atividades inerentes ao papel ocupacional, e de vida, com que esta pessoa realiza perante a sociedade. .

Já a satisfação de vida é considerada como um componente cognitivo do bem-estar subjetivo definida através do nível de prazer que alguém analisa quando reflete sobre sua vida em geral. Pode ser entendida como o nível de prazer e contentamento, ou desprazer e sofrimento no cotidiano de um indivíduo, nível que possui variações segundo a autopercepção do que é satisfatório e insatisfatório na vida do sujeito. O bem-estar subjetivo corresponde à satisfação com a vida, e é uma das dimensões que podem estar relacionadas à ocupação e ao trabalho, logo que a maioria dos trabalhadores perpassam grande parte das suas vidas no local de trabalho (ONUSIC, MENDES-DA-SILVA, 2015).

Concluindo, é necessário uma reflexão sobre as relações que estabelecem entre o processo de profissionalização e a sua saúde do e da trabalhadora, pensando na qualidade de vida dos profissionais, desde o ambiente universitário, analisando o que pode contribuir para o desgaste emocional e perda do desempenho funcional ocupacional deste indivíduo durante a graduação, e viabilizar a discussão de diretores de centro, reitores e coordenadores de curso para que possam surgir propostas de modificação da organização da rotina estudantil (considerada intensa) no ambiente universitário.

Compreender que após a vida estudantil, as múltiplas condições de trabalho que possuem significativo desequilíbrio entre esforço despendido e a recompensa recebida, podem ser extremamente incapacitantes, estressantes, além de acarretar problemas de saúde mental, físicos ou afetando no que tange a espiritualidade de cada indivíduo. Este ano a Organização Internacional do Trabalho (OIT) completa 100 anos de criação e promoverá a 108ª Conferência Internacional do Trabalho, e é preciso que tanto estudantes como profissionais de Terapia Ocupacional, possam defender a luta contra a opressão de corpos, contra o abuso sexual e de poder no ambiente de trabalho, contra os mecanismos de opressão e preconceito existentes, além de intensificar o combate à uma legislação trabalhista que promove a precarização das relações de trabalho e legaliza diversos modelos de trabalho que não garantem o mínimo de dignidade aos trabalhadores, mostrando a todos que com estas lutas o nosso papel profissional ocupacional perante a sociedade é em busca de melhores condições de vida para os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil e do mundo.