Gabriela Kameoka - Estudante
“Eu sou muitas. Em um de seus excertos, Rubem Alves disse: ‘eu sou muitos’. Desde que li, essa frase não pude parar de pensar que eu também sou muitos, ou melhor, muitas. Sou as diferentes versões do meu ser, as diferentes versões de mim. Hoje sei que sou o resultado das muitas mulheres que vieram antes, mulheres guerreiras que lutaram para que eu pudesse aceitar essas várias versões existentes em mim. É certo que, desde os primórdios, o poder feminino foi sucumbido e posto de lado por conta de um status quo que preferiu defender uma casta autoritária e coercitiva: a casta do patriarcado. Fizeram isso com LIlith, com Eva e com Safo na antiguidade. É o que fazem com as muitas na contemporaneidade. Espero com todo o meu ser que todas as meninas e mulheres entendam o poder das histórias que carregam, o poder de fala que elas têm. Espero que elas compreendam que podem desvendar quaisquer coisas que almejam. Que elas podem sim serem ‘muitas’ sem temer”.
Verônica Ponciano - Psicóloga
“A sociedade nos ensina que ser mulher é sinônimo de medo, angústias, exclusões. Eu prefiro transmitir que ser mulher é potência e luta! Duas palavras tão fortes que dão significado a esse nosso jeito diferente de ‘ser mulher’ e, sobre tudo, aquilo que ensinamos e ainda temos a ensinar. A psicologia é uma profissão desempenhada, em sua grande maioria, pelo sexo feminino e mesmo com esse dado, nós psicólogas não estamos livres de episódios carregados de desconforto, permeados por uma sociedade machista e sexista. ‘Você é psicóloga e bonita’. Frases como essa já passaram pelo meu cotidiano. Recentemente foi publicado um estudo, escrito por homens, que trazia o seguinte dado: profissionais mulheres da área da saúde, que postam fotos em mídias sociais de biquíni ou em seu ambiente de lazer, podem impactar em seu desempenho profissional, podendo acarretar em falta ética. Um estudo desses, sendo publicado em pleno 2020 é difícil de engolir. E que bom que ele não foi engolido. Isso nos mostra que ainda há muito a ser feito, discutido e imposto. A psicologia trabalha com o desconforto, com as lutas, com o lugar de fala, em dar voz não só ao sofrimento, mas sim ao sujeito que não está sendo ouvido. Não é por acaso que as mulheres sustentam e, de certa forma, lideram essa profissão. Que bom que ocupamos esse lugar. E volto a repetir, ainda temos muito a ensinar! Vamos em frente”.
Mente & Corpo . 19