Mente & Corpo - 1ª Edição | Page 20

Rebecca Féu - Mãe e Empreendedora

“Eu, desde pequena, sempre tive muitos problemas com homens, num geral. Tanto em casa com meus irmãos, familiares, quanto em relacionamentos também. Eu não conhecia o feminismo, mas sabia que eu era diferente no meu modo de pensar comparado a outras pessoas próximas. Eu lembro de me sentir injustiçada inúmeras vezes por fazer coisas que meus irmãos faziam e ser julgada. Eu não conhecia o feminismo, mas queria ter a liberdade de expressão que meus irmãos tinham. Eu saí de casa cedo. Com 17 anos eu já era casada e não precisava da minha família para absolutamente nada. Eu me dei essa liberdade porque sabia que ninguém mais me daria. Foi também quando me tornei mãe. Outra pauta pouco falada nesse meio são mulheres mães e feministas, lutando por espaço e por respeito. Acho importante ressaltar que a luta da mulher já é naturalmente difícil, mas quando ela passa a ser mãe, essa luta dobra de tamanho. Porque entra a busca incansável por respeito na gestação, parto, amamentação e criação de seus filhos. Poucos entendem, mas o machismo enraizado trouxe injustiça para todas essas questões. A mulher perdeu seu direito de parir com respeito e no seu tempo. A mulher que amamenta em público é vista como inconveniente, recebe olhares, é julgada. Por fim, temos nossos corpos atingidos e uma sociedade impondo como eles devem ser após uma gestação, como se devêssemos ser perfeitas depois de parir. Como se não bastasse tudo isso, ainda lutamos para criar nossos filhos longe de padrões machistas, para que sejam crianças e adultos livres. Isso tudo vem sendo reconstituído cada dia mais. A mãe é pouco acolhida na sociedade. Todos os dias lido com comentários sobre mim e sobre a maternidade, não só de homens mas de mulheres machistas também. Mas isso nunca fez e nem me fará parar. Eu sou mãe de um garoto, e de duas garotas. E todos os dias reforço que eles têm direitos iguais. Essa é a minha missão de vida. Quero que elas sejam respeitadas e que ele saiba dar espaço às mulheres. ‘Olha lá a mãe feminista’. Ouço isso quase sempre em tom de piada. Se soubessem o quanto isso me dá orgulho, arrumariam outro jeito de tentar me insultar. Já alcançamos muitas coisas através do feminismo, mas ainda temos muito mais desse mundo para desbravar”.

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