precisávamos remeter a maior parte das nossas riquezas a outras nações, alimentá-las com o pão que tirávamos da boca dos nossos próprios filhos, mas esse tempo já passou. Levaram nosso ouro, nossa prata, tantos dos nossos recursos naturais, levaram nosso suor e nosso sangue, mas esse tempo já passou. Não há mais tempo para um país de escravos, movido pelo desejo dos outros. Que dirá para um país subjugado a algo sem título, que sentimos, mas desconhecemos. Tivemos nossos colonizadores, mas esse tempo já passou. Entretanto, continuamos subjugados e, em certo sentido, a situação se agrava porque não sabemos sequer quem nos tem e quem nos coloniza, quem nos confunde e quem nos força, quem, no fim das contas, nos joga uns contra os outros. Vivemos, não a nossa aventura, mas a aventura de outrem. É o nosso tempo confuso, mas, estejam certos, esse tempo também vai passar.
Porque chegará o tempo em que responderemos em definitivo por nossa soberania. Um país deixa de existir quando seu Estado já não reflete os anseios mais generosos de seu povo, quando se deixa perturbar por angústias sem nome e sombras sem bandeira. Estamos vivendo tempos assim, mas esse tempo vai passar, porque defenderemos nossa nação desde o único pilar em que se baseia qualquer nação verdadeira: a soberania de seu Estado, emanada do verdadeiro desejo de seu povo. Aprendemos a ser diferentes e a diferença nos fez mais conscientes do que todos somos e podemos ser, mas um país não se faz somente das diferenças. Pelo contrário, um país se faz do exercício diário de colocarmos certas diferenças de lados e arregaçarmos as mangas em volta de um pensamento comum. Um pensamento que se faça superior a cada um de nós e, neste
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