Após vários meses, chegava a ses-
são final: aquela em que levaria a eterni-
dade aqueles poucos escolhidos; aquela
em que a dosagem, acumulada há meses
naqueles buchos, seria finalmente feita
plena da fórmula que jugulava.
JERÔNIMO: Congregados! Em toda his-
tória feita de gente, a
Mo r t e
– essa en-
tidade – é
aquela que
move ou recua,
aquela que empur-
ra ou impede. As reli-
giões nos convenceram,
nessa tentativa de arran-
car do humano toda
sua potencialidade, que
a morte não é o fim; nos
encasquetaram que, na terra, podemos
ser quase completos para, enfim, des-
frutarmos da plenitude no plano astral,
a morte não seria o fim. Há sentido; no
entanto, apenas contornamos um fato
e deixamos de enfrentar o inimigo que
devemos combater. Deus assim o quis, e
como bem já o sabia, por isso, espalhou
pela terra tesouros que apenas os gran-
des poderão acessar ....!
fizeram as religiões apenas para burlar
a Morte. Nós também fizemos da histó-
ria um relato para os heróis, o lugar por
excelência daqueles que viverão na eter-
nidade. Se há verdade absoluta, e levei a
vida inteira para achá-la, é que, mais do
que o medo da morte, os homens temem
o poder da indiferença, afligem-se dian-
te da imensa possibilidade de saírem da
vida diretamente para a terra vermelha,
e lá ficarem! A única
verdade
abso-
luta é: so-
mos capazes
de qualquer fei-
to para, gloriosos,
entrarmos no livro da
história.
Após um longo si-
lêncio, Jerônimo tomou
o jarro na mão. O líqui-
do, que até então nenhum dos garotos de
Ofélia havia tomado, foi quase inteira-
mente para o seu estômago. Ele morreu
em segundos. Não há verdade em teorias
da conspiração, estas são simplesmen-
te teorias. Impactado pela cena, Oraci
olhou o corpo do irmão e tomou o jarro
nas mãos, certo de que há, sim, verdades
absolutas.
ORACI: o Irmão-Congregado vai permi-
tir a interrupção! Porque os homens não
11
Julio
do líquido-veneno uma pequena dosa-
gem.