Madame Eva Nº3 | Page 13

Após vários meses, chegava a ses- são final: aquela em que levaria a eterni- dade aqueles poucos escolhidos; aquela em que a dosagem, acumulada há meses naqueles buchos, seria finalmente feita plena da fórmula que jugulava. JERÔNIMO: Congregados! Em toda his- tória feita de gente, a Mo r t e – essa en- tidade – é aquela que move ou recua, aquela que empur- ra ou impede. As reli- giões nos convenceram, nessa tentativa de arran- car do humano toda sua potencialidade, que a morte não é o fim; nos encasquetaram que, na terra, podemos ser quase completos para, enfim, des- frutarmos da plenitude no plano astral, a morte não seria o fim. Há sentido; no entanto, apenas contornamos um fato e deixamos de enfrentar o inimigo que devemos combater. Deus assim o quis, e como bem já o sabia, por isso, espalhou pela terra tesouros que apenas os gran- des poderão acessar ....! fizeram as religiões apenas para burlar a Morte. Nós também fizemos da histó- ria um relato para os heróis, o lugar por excelência daqueles que viverão na eter- nidade. Se há verdade absoluta, e levei a vida inteira para achá-la, é que, mais do que o medo da morte, os homens temem o poder da indiferença, afligem-se dian- te da imensa possibilidade de saírem da vida diretamente para a terra vermelha, e lá ficarem! A única verdade abso- luta é: so- mos capazes de qualquer fei- to para, gloriosos, entrarmos no livro da história. Após um longo si- lêncio, Jerônimo tomou o jarro na mão. O líqui- do, que até então nenhum dos garotos de Ofélia havia tomado, foi quase inteira- mente para o seu estômago. Ele morreu em segundos. Não há verdade em teorias da conspiração, estas são simplesmen- te teorias. Impactado pela cena, Oraci olhou o corpo do irmão e tomou o jarro nas mãos, certo de que há, sim, verdades absolutas. ORACI: o Irmão-Congregado vai permi- tir a interrupção! Porque os homens não 11 Julio do líquido-veneno uma pequena dosa- gem.