A cena toda se transformou em uma gigantesca orgia desenfreada com minhas ao centro. Balancei-as sem medir esforços, como que para me reapoderar do que a canção me havia roubado. Não me pertenciam aquelas notas costuradas, mas
Vontade maior de, e não das ancas que perdi.
Sou a triste figura da dama feita prisioneira na moldura. Sou a menina da estátua, condenada à petrificação do mármore imutável. Sou a incolor modelo das fotografias em revistas. Sou o ideal embalsamado, o instante prolongado, a musa imaginária que dá a alma à alma da obra que a eterniza.
Alfonso Cerullo © 2017
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