Madame Eva Nº2 | Page 18

Me envergonho tanto, menina, por com minhas lágrimas te lambuzar É que a cheia bate em meus olhos, já estava a ponto de me afogar Minha vó me contava uma história, num desenrolar de um fio de novelo Que quando a enchente se parte, deixa um limo dourado, tal qual seus cabelos Esse explode as sementes, deixando o pasto todo enverdecido E traz a bonança da horta e a fartura de todo partido Quem sabe essa terra se encha de pés de mangaba ou de pés de caju Quem sabe a notícia vai longe e traga Tião lá das bandas do sul. Ou então, como um conto de fadas, apareça um anjo descido num feixe E me conceda uma graça, como naquela canção, me transforme num peixe. Sim...
Porque hoje eu acordei com uma vontade de chorar Vou me render ao rio para me perder no mar.
Eusébio Guggiari © 1971-73

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