Madame Eva Nº2 | Página 14

de suas sólidas solidões, entre mosaicos e articulações, mosaicos, articulações e o prolongamento do singular renascimento de abstrações que agora definham, que agora se alinham em direção às sensações e atravessam vértices, convertendo ângulos, planos e curvas, em móveis imóveis e naturezas mortas ante a câmara esvaziada por noturnos, onde uma evidência em fuga encerra enfim seu curso recortada por brumas que agora se aclaram – lembranças de prisões quadriculares:
“ Eis a minha última duquesa pintada na parede, é como se vivesse, como se o sangue ainda corresse em suas veias tão facilmente satisfeitas...”
Não, este não seria um começo agradável. Costuma-se agir com mais cautela nos instantes calculáveis... Capturar signos. Interpretar símbolos. Cultivar o justo. Praticar o útil. Pronunciar-se corajosamente. São propósitos suficientes para a vida de um homem: um cavalheiro, um tanto bem vestido e ao dispor de poucos, disposto a absorver perfeições, a proferir sentenças moderadas, a tolerar preferências intoleráveis, a mover-se entre castiçais e pratarias com as mãos nos bolsos e um sorriso canino, com a cruz nos ombros e a memória em carne viva.
Um cavalheiro, sempre um cavalheiro, disposto a tratar a beleza como uma queda entre muitas quedas, uma fraqueza estética cuja franqueza dificilmente se apreende, e a exilar sua competência em cidades e personalidades incompatíveis com a mínima simpatia, símiles da asfixia, singularidades nada singulares, dia após dia, alimentando o alento da imagem pública.
( Nossas mentes trabalhavam perfeitamente, nossos corpos jamais falhavam.)

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