Madame Eva Nº1 | Page 20

votos do que eu tenho pontos nos braços );
: poeta que li , mas nunca encontrei . Visitei seu túmulo e recitei uns versos , mas isso é lá consolo ? Ficam comigo suas palavras , companheiras perpétuas , como estes pontos ;
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O último ponto – bem no meio do meu braço direito – batizei com um nome inventado : . Uma lembrança constante de que há sempre mais à vida do que podemos conhecer . Porque se na gramática o ponto marca o final da frase , no meu braço eles são como vírgulas : pausas que marcam a sequência das minhas orações .
Hoje , não reclamo mais da solidão . Não a venci , mas percebi , com cada um destes nomes tatuado no corpo , pela linha e a agulha cirúrgica daquela enfermeira , que a condição solitária do homem não se resolve jamais . Evado-me de mim mesmo para conquistar minha existência plena . É um exercício diário , em que meus braços detêm as marcas renovadoras de uma condenação perpétua a ser sempre aquele que sou , sendo sempre só eu , e sempre só .
Paulo Hahnemann © 2016

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