votos do que eu tenho pontos nos braços);
: poeta que li, mas nunca encontrei. Visitei seu túmulo e recitei uns versos, mas isso é lá consolo? Ficam comigo suas palavras, companheiras perpétuas, como estes pontos;
O último ponto – bem no meio do meu braço direito – batizei com um nome inventado:. Uma lembrança constante de que há sempre mais à vida do que podemos conhecer. Porque se na gramática o ponto marca o final da frase, no meu braço eles são como vírgulas: pausas que marcam a sequência das minhas orações.
Hoje, não reclamo mais da solidão. Não a venci, mas percebi, com cada um destes nomes tatuado no corpo, pela linha e a agulha cirúrgica daquela enfermeira, que a condição solitária do homem não se resolve jamais. Evado-me de mim mesmo para conquistar minha existência plena. É um exercício diário, em que meus braços detêm as marcas renovadoras de uma condenação perpétua a ser sempre aquele que sou, sendo sempre só eu, e sempre só.
Paulo Hahnemann © 2016
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