Madame Eva Nº1 | Page 13

política não existem verdades, pois toda verdade é passageira.
A beleza existe, mas tem dificuldade para prosperar em um mundo que insiste em dizer que ela é apenas uma invenção. A confusão entre cânones estéticos, com os elementos simbólicos, com a beleza, está criando essa ideia utilitária da arte que lhe nega sua característica congênita: a busca do Belo. poeta Juan Ramón Jimenéz, em que ele diz que é verdade, mas foi tão mentira, que continua a ser impossível... Mas é verdade! 5
No seu Canto XLV, Ezra Pound, puto da vida, faz uma das mais belas críticas à usurpação da arte. Contra a natureza, a usura é culpada por levar“ prostitutas para o Eleusis”,“ cadáveres ao banquete”, por assassinar“ a criança no ventre”. A usura, no fundo, corrói a arte em sua busca pela beleza, ao inserir nela o elemento do lucro material. A usura“ enferruja o cinzel / enferruja a arte e o artesão”. A usura de Pound são também os relativistas que negam à humanidade o conceito de beleza. A função rentável da usura é a função política que muitos ensejam dar à arte!

grita Pound, Contra Naturam! 4

”,

Uma função à arte! Todos querem dar uma função prática à arte: educar, mobilizar, agregar... Mas a merda é que, com uma função, a arte perde seu principal trunfo entre os homens, que é a de materializar a beleza. Aquela beleza universal, que não tem propósito, nem interpretação universal, que raramente se revela aos homens, mas que existe como fenômeno metafísico. No fundo, a beleza universal é como aquele verso do
4 Todos os trechos citados do Canto XLV de Pound foram tirados da tradução de Eduardo Ramos.( Nota do editor.)
5, Juan Ramón, lê-se no poema original:“
.”( Nota do editor.)
Cândido Palmelo © 2016

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