Madame Eva Mme Eva quinto numero | 页面 16
AZUMBARROSO NA PRAIA DE SILECUSTA - GARRAFA 4
Q
Por Juliana D'Ávila Maldonado
ue angústia! E se, das garrafas
jogadas, duas ou todas já afunda-
ram, sem que ninguém as encon-
trasse? Há palavras que perturbam qual-
quer um. A criança que constrói com
pequenas peças simples de encaixar sabe,
embora não entenda, que a raiva advinda
de quando desmontam sua obra vem do
medo de que, sem a devida maturação da
coisa, destruíram o seu legado. Já peço
perdão e paciência; a vida na ilha guarda
muito além do charme da primeira men-
sagem. E se, antes de uma devida leitu-
ra, algum animal ou qualquer forma de
vida se grudou a minha garrafa, fazendo
dela um cativo? E se os capítulos desta
narrativa estão agora desordenados, sub-
mersos pela obra de um acaso não previs-
to, esse sim, não aferido?
Gabriel Avellar - RAR ARQUITETURA © 2017
Para o leitor desta garrafa guardei
o percurso da barcaça. Há, na praia de Si-
lecusta, bem a oeste de onde lanço meus
desejos ao mar, uma espécie de jangada.
Tomei algumas semanas para fortificá-
-la e, seguidamente, por trezes dias, saía
pela manhã e navegava até entardecer.
Descobri que, deixando a praia por algu-
mas horas, Silecusta é verdadeiramente
cercada de rochedos e pequenas ilhotas.
Todas são desinteressantes, à exceção de
duas delas, praticamente irmãs, posicio-
nadas uma ao lado da outra, vagamente
conectadas por um fio de sei-lá-o-quê. É
que, nesses dois pedaços de terra, não
consigo chegar. As correntes se mesclam
de tal forma, e as sombras do fundo da
água se projetam em tamanhas figuras,
que ora meu barco não avança, ora mi-
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