Madame Eva Mme Eva quarto numero | Page 7

Uma metralhadora em disritmia. O soluço se movia para mostrar Tudo para confundir os que prezam pela quem mandava, mas Antônio voltou a ordem! dizer, Outra pausa – o falso alívio. Cada – Ôhhh! Quem manda aqui sou um que lide com suas expectativas infun- eu! dadas. Não é mole tocar o leme num O soluço soluçou, mas o fez solu- córrego que transborda. çar. O pobre do Antônio defendia- se Buscando definitivamente se fir- como podia. E como a melhor defesa mar no cargo de comandante, Antônio é o ataque: ele mandou a cavalaria. Be- tornou, beu água de cabeça para baixo; mas en- gasgou e voltou a soluçar. Inspirou com – Ôhhh! Quem manda aqui sou força; também em vão. Uma colherada eu! de açúcar; pra quê? Nada! A essa altura, os soluços foram Prestes a desistir, resolveu recupe- distendendo-se... Ainda vieram uns rar sua autoridade sozinho. Era senhor poucos, mas chegou-se ao ponto daquele corpo, porque era senhor daque- em que não era mais preciso dizer le corpo. Sua condição de mandatário nada. Antônio apenas apontava não deveria depender de seus esforços! ao umbigo e resmungava, – DIVINAE LEGIS! –pensou. – Môhhh! Apontou para o umbigo e voltou a E o soluço dizer: quem manda aqui sou eu! recolhia-se à sua in- significância de re- Outra vez, nada. voltoso vencido. (...) (...) O duelo transfigurava-se e o que antes era uma briguinha por vaidades tomou dimensões dramáticas à medida que o tempo ia passando. Antônio sentia que tinha que con- trolar os movimentos rebeldes de seus músculos, antes que perdesse sua legi- timidade de líder. Era uma questão de mais quatro soluços, para não tombar como um fantoche do trono de um rei! Pela terceira vez: esticou o braço, apontou para o umbigo e, na tonalidade mais baixa que conseguia atingir, disse, eu! – Ôhhh! Quem manda aqui sou 5 Godofredo Palindro © 2017