Por ocasião do lançamento do site da Madame Eva, os editores resolveram incluir um
trecho do conteúdo virtual de Eva, a fim de familiarizar o público com o material dis-
ponível online. No dábliu, dábliu, dáblio de lá, o entusiasta de Madame encontrará
histórias e informações sobre os personagens envolvidos na fabricação e idealização da
revista física, além das respostas às palavras cruzadas e outras tautologias mais, claro. O
portal pretende ser mais uma forma de aproximar os leitores, escritores, artistas e edito-
res que fazem Eva, Eva. O texto a seguir faz parte da série "história de cada número", e
conta os bastidores do primeiro número da Madame Eva, Revista de Tautologias.
PAPEL VIRTUAL
https://revistamadameeva.wordpress.com/revistas/madame-eva-no1/
A
história do primeiro número da
Madame Eva se confunde com a
história de Madame Eva. Resul-
tou de um antigo sonho dos seus edito-
res, que toda quarta-feira, aos tempos de
universitários, clandestinos, na casa de
um deles, faziam noites regadas a vinho,
cerveja, cachaça ou o que havia de mais
barato e mais alcoólico no supermercado
local. Levava-se sempre um violão e um
punhado de ideias, mas a bebida sempre
falava mais alto. Talvez fosse a solidão de
três amigos que liam mais do que deve-
riam; talvez a pujança de uma expressão
que teimava em não se calar; talvez uma
estética nítida a seus olhos, mas ainda ve-
lada ao mundo. Ninguém sabe dizer ao
certo, mas o fato é que daquele tempo
distante brotou a ideia de produzir. Ideia
que anos depois se materializaria na pri-
meira revista de tautologias do mundo.
lavras de tantos autores que, como eles,
há tempos, se viam órfãos de um veículo.
O mais moço dos três vivia àquela
altura em Salvador, passou a mão no te-
lefone e intimou os outros dois, um em
Brasília e o outro no Rio. Muito ainda
haveria de ser acertado, mas ali nasceu
o eixo central da revista: Salvador, Rio e
Brasília, desde cedo apresentado assim:
em ordem histórica, por respeito ao tem-
po e certo desdém ao alfabeto.
O primeiro texto selecionado para
a Madame Eva Nº1 foi “Ao fim do Es-
topim”, de Rogério Vilas Boas, uma he-
rança imediata daquelas quartas-feiras
em que as fundações da revista eram lan-
çadas. O conto, ou relato, ou desabafo…
Enfim, aquele certificado de vivência
fora escrito por um conhecido da noite
dos três editores, nos idos de doismilis-
seis. Guardado com carinho por um deles
Já neste então mais recente, finda- e unanimemente incorporado à revista, o
va-se doismilidesesseis e a ideia recebeu texto trazia explícita e implicitamente os
contornos mais definidos: uma publica- valores fulcrais que motivaram o início
ção bimestral, capaz de movimentar a da Madame.
cena literária, de forma a dar vazão às pa-
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