AS PÁLPEBRAS DO DESEJO
Por Gustavo Duarte
Para Manuel
“Mentira que soa à verdade”
ALMEIDA, Sérgio.
Solo firme de minha solidão,
veneno urgido no concreto armado,
à indiferença de cada passo,
dilacerava-se esta pobre alma.
E em finos sedimentos arenosos
corroeram-se minhas esperanças –
assim, fui passando
– como o tempo passa –
vazio, vagando.
Pisquei para quem ousou me olhar, sim,
pisquei.
Um gole de Aperol
teria me acalmado,
não fosse seu sorriso.
Aos olhos alvos de
suas retinas miúdas,
meus olhos se prendiam,
- Prazer, sou Leo
-Prazer, sou Theo...
(mas nunca foi.)
Para num sonho de
consumo adolescente,
aquele preto forte
oferecer sua lomba
Propus-lhe o amor,
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