Introdução
a compreensão cristã do caminho do homem para chegar-se a Deus,
inaugurado por Cristo, era uma parte tão essencial do evangelho
que uma conciliação aqui era impossível. Então, Estêvão morreu, e o
Cristianismo deu mais um passo importante para longe do Judaísmo
oficial.
Da mesma forma, na seção três (9:32-12:24), quando chegou
a hora de Pedro levar o evangelho ao gentio Cornélio, a princípio,
ele ficou relutante em ir. Pregar o evangelho a Cornélio envolveria
comer com ele em sua casa; o que, por sua vez, violaria o código de
santidade do Judaísmo, e, em particular, suas leis alimentares, como
Pedro as entendia. Deus, portanto, interveio e ensinou a Pedro que as
leis alimentares do Antigo Testamento, as quais Deus originalmente
impusera, agora estavam canceladas. Pedro estava livre para comer
com os gentios. Então, Pedro foi; mas, quando vemos Pedro entrar na
casa de Cornélio, estamos observando o Cristianismo dar ainda outro
passo para longe do Judaísmo, desta vez, sobre a questão fundamental
da teoria e da prática da santidade.
O padrão se repete na seção quatro (12:25-16:5). A circuncisão era
considerada no Judaísmo como indispensável para a adesão à nação
santa e útil, se não necessária, para a salvação. Todos os primeiros
homens cristãos, portanto, já haviam sido circuncidados antes de se
tornarem cristãos, e a questão sobre qual a relação da circuncisão com
a salvação por Cristo, até aquele momento, não havia vindo à tona em
seus pensamentos. Mas, quando gentios aos milhares vieram à fé em
Cristo, tal questão inevitavelmente surgiu. No início, alguns cristãos
pensavam que a circuncisão ainda era necessária para a salvação, e,
portanto, os crentes gentios precisavam ser circuncidados. Mas, em
uma reunião dos apóstolos e anciãos, chamados a Jerusalém para
considerarem isso, Pedro e Tiago pronunciaram a decisão oficial,
impositiva e apostólica: a circuncisão não era necessária e não
contribuía com nada para a salvação, não só no caso dos gentios,
como também no caso dos judeus. Seria impossível exagerar a
importância do passo marcador de época dado naquele momento
pelo Cristianismo, para longe do Judaísmo.
Vamos parar aqui por um momento e refletir sobre o que
está acontecendo. Quando registra essas crises e as decisões e as
soluções que foram alcançadas pelos apóstolos e pelas primeiras
igrejas, Lucas não está relatando mais a propagação do evangelho,
mas está descrevendo para nós o que era esse evangelho e como
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