Permanecendo Fiel à Fé
(6:7; 12:24; 19:20); mas a palavra de Deus não se ampliou por meio
da pregação de João, bem como por meio da de Paulo? Então, por
que nem uma única palavra de qualquer um dos sermões de João foi
colocada ao lado dos inúmeros exemplos dos sermões e discursos de
Paulo?
Concluímos que outros interesses, além da propagação do
evangelho, controlaram a escolha de material de Lucas. Como
decidiremos o que eram?
Um deles, pelo menos, é fácil de detectar, pois, em todas as seis
seções principais do seu trabalho, um padrão reconhecível de eventos
se repete.
Consideremos a primeira seção (1:1-6:7). Fortalecidos pelo
Espírito Santo, recentemente descido do céu, os apóstolos carregavam
vigorosamente a ordem de Cristo de que fossem suas testemunhas.
Tudo estava indo bem, milhares estavam sendo convertidos, quando
ocorreu uma crise; o Sinédrio baniu todas as pregações em nome de
Jesus. Ora, o Sinédrio era, para o Judaísmo normativo, a suprema
autoridade religiosa (e em certa medida civil); e os apóstolos
certamente não eram anarquistas espirituais. Desobedecer ao Sinédrio
e desafiá-lo era um grave passo a se tomar: um provido de todos os
tipos de consequências previsíveis e imprevisíveis. Mas, obedecer ao
Sinédrio era impossível sem negar o próprio coração, vida, alma e
centro do Cristianismo. Negar ou manter silêncio sobre a divindade
e a messianidade do Senhor vivo teria sido deslealdade traiçoeira
a Cristo, em oposição direta ao Espírito Santo de Deus, que tinha
vindo para capacitá-los a testemunhar sobre Cristo. Conciliar era
impossível. Sem hesitação, os apóstolos desobedeceram ao Sinédrio;
e o Cristianismo deu seu primeiro passo para longe do Judaísmo
oficial. Era sobre a divindade e o messianismo de Jesus.
Da mesma forma, na segunda seção (6:8-9:31), Estêvão, o primeiro
mártir cristão, sob a iluminação do Espírito Santo, começou a perceber
que o sacrifício de Cristo no Calvário, sua ressurreição e sua entrada
na presença imediata de Deus no céu carregavam implicações que
finalmente tornariam obsoletos tanto o templo judeu em Jerusalém
como todo o seu sistema de sacerdócio, sacrifícios e rituais. Por
promover essa visão e por defendê-la em debates e discussões
públicas, ele foi finalmente levado a julgamento por sua vida perante
o Sinédrio. Mas, quando viu que o caso ia contra si, ele não fez
tentativa alguma de retratar-se ou conciliar-se. Obviamente, para ele,
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