Introdução
em sua ignorância do grande mundo exterior, que o Cristianismo é a
única forma de salvação.
Porém, mais uma vez, o argumento apoia-se numa falácia. Elas
estão pensando, talvez, na realidade da Idade das Trevas ou do período
medieval. Mas, no primeiro século, um cristão grego ou romano
padrão, por meio da experiência pessoal ou do contato diário, sabia
infinitamente mais sobre outras religiões do que um cristão padrão
(em nosso mundo ocidental moderno) sabe mesmo agora. Deixemos
que a vívida descrição de Lucas sobre Atenas, como seus infindáveis
altares para intermináveis deuses e deusas, nos lembre de que o
mundo no qual o Cristianismo nasceu estava densamente povoado
de religiões e filosofias de todos os tipos. Havia a religião clássica dos
deuses olímpicos, em suas versões grega e romana, com seus lindos
templos e cerimônias oficiais. Havia as religiões misteriosas que
propunham levar seus devotos à união com deus e arrebatá-los com
maravilhosas experiências de êxtase (1 Coríntios 12:2). Correntes,
ao menos em forma popular, eram os mitos sobre a transmigração
de almas, o purgatório e a reincarnação, que vieram do hinduísmo
para a religião e filosofia gregas por meio dos pitagóricos e de Platão.
Havia religiões ascéticas muito estritas (Colossenses 2:20-23) e outras
religiões permissivas que sancionaram fornicação e homossexualidade
como formas aceitáveis de comportamento (2 Pedro 2; Judas 7-8).
Havia religiões do tipo filosófico calmo (Colossenses 2:8) e outras
em que o fanatismo poderia facilmente transbordar, transformando-
se em perseguição, tumulto e homicídio (Atos 9:1-2; 19:21-40). Havia
religiões que acreditavam em Cristo como o Grande Espírito Mundial,
mas negavam que Jesus fosse o Cristo (1 João 2:18-22; 4:2-3). Além
disso, em muitas cidades do mundo antigo, como Atos em toda a
parte nos faz lembrar, havia sinagogas da fé judaica já estabelecidas,
frequentemente com diversos adeptos gentílicos. E, no meio desse
caos de religiões, o Cristianismo naturalmente não fora, pelos dois
primeiros mil anos de sua existência, a religião oficial de uma cultura
monolítica, mas uma minoria pequena, esforçada e frequentemente
perseguida em um império gigantesco e cosmopolita.
Então, não era porque os cristãos não sabiam muito sobre outras
religiões que eles pregavam Jesus Cristo como o único Salvador
do mundo, mas, sim, porque todos eles sabiam demais sobre elas.
Eles sabiam que nenhuma delas oferecia verdadeira limpeza de
consciência, genuína paz com Deus, segurança da salvação e sólida
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