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Jakob e Rachel
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akob Glaser era um judeu russo que, na metade do século XIX,
ainda criança, foi raptado e alistado no serviço militar compulsório
do exército dos Czares, tendo servido ao exército durante a maior
parte de sua vida, por uns 25 anos. Sua vida foi difícil, e, ao mesmo tempo,
eletrizante — emocionante, mas curta. Onde quer que o dever militar o
levasse, sua dedicada esposa Rachel, as três filhas e seu filho iam junto.
As crianças nasceram no alojamento de diferentes guarnições russas
estacionadas nas montanhas do Cáucaso. Seu modo de vida refletia
inteiramente a vida típica de um soldado russo. Até mesmo sua aparência
era de um russo, alto, louro, de olhos azuis e ossos largos, que em nada
lembrava um judeu. Embora vivesse num mundo gentílico, Jakob sempre
desejou muito poder voltar para um ambiente judaico onde pudesse
terminar a vida como judeu entre outros judeus. Um medo estranho o
assombrava de que pudesse se perder de seu povo e morrer entre estranhos.
Sua esposa, uma judia praticante, mãe e esposa amorosa, suportava a vida
dura e instável sem reclamar, buscando sempre o conforto da família, seja
para onde quer que o exército os transferisse. Entretanto, ela sentia falta da
vida religiosa que qualquer mulher judia piedosa desejaria para a família.
E foi por isso que Jakob levou sua família para a pequena Siedlce, uma
cidade militar a 80 km da capital Varsóvia, na época em que a Polônia
fazia parte da Rússia. Ali, eles se estabeleceram numa casa modesta,
tentando criar raízes, cansados de viajar, mas felizes com a ideia de
que, finalmente, sua jornada havia chegado ao fim e poderiam ter uma
rotina num ambiente que incluía a adoração na sinagoga, a educação das
crianças e um dia de descanso no Shabat, sábado.
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