Livros Em defesa de Deus | Page 22

22 Em Defesa de Deus Um corolário do antiteísmo é que por “religião” os novos ateus têm, especificamente, em mente as grandes religiões monoteístas do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, dando ênfase especial ao cristianismo. As religiões panteístas, como o hinduísmo, e as religiões que poderiam ser razoáveis e alternativamente classificadas como filosofias, tais como o confucionismo e certas formas de budismo, recebem pouco ou nenhum destaque na literatura do novo ateu. Cresci na Irlanda do Norte e posso entender aqueles que pensam que a única solução para os problemas do mundo é livrar-se da religião. Mas, é precisamente porque fui criado na Irlanda do Norte e, no entanto, permaneci sendo um cristão convicto, que posso, justamente, ter uma contribuição a fazer para corrigir um perceptível desequilíbrio inquietante e perigoso na lógica da abordagem dos novos ateus; tanto no que se refere ao diagnóstico que eles fazem, quanto à solução que eles propõem. Não estou sozinho ao ter essa preocupação. Muitos ateus a compartilham. Barbara Hagerty, em seu relatório NPR 50, mencionado nesta introdução, destaca que a reação ao aumento da agressividade dos ateus não conta com uma aprovação universal entre eles. Ela cita as palavras do ateu Paul Kurtz sobre os novos ateus: “Eu os considero fundamentalistas ateus. Eles, lamentavelmente, são antirreligiosos e maldosos. Agora, eles são muito bons ateus e pessoas muito dedicadas que não acreditam em Deus. Mas existe essa fase agressiva e militante do ateísmo, e isso faz mais mal do que bem”. O interessante aqui é que Paul Kurtz foi o fundador do Centro de Investigação, cuja missão é “promover uma sociedade secular baseada na ciência, na razão, na liberdade de investigação e nos valores humanistas”. Essa sociedade é a organizadora de um “Concurso de Blasfêmias” no qual os participantes são convidados a apresentar declarações curtas e críticas das crenças religiosas. Hagerty informou que Kurtz afirma ter sido deposto de seu cargo no Centro de Investigação por um “golpe palaciano”. É evidente que os ateus estão divididos no que se refere à abordagem agressiva dos novos ateus, e alguns a consideram bastante embaraçosa. Seu constrangimento reflete o do filósofo Michael Ruse quando ele escreveu a seguinte resenha para o livro de McGraths, The Dawkins Delusion? (O Delírio de Dawkins?): 51 “The God Delusion (Deus, um Delírio) faz-me sentir envergonhado de ser ateu e os McGraths mostram por quê”. Por essa razão, é importante perceber desde o