Introdução
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resolver o problema de proporcionar uma fonte alternativa para a
moralidade, sobretudo porque o seu principal ataque à religião
é por ser não somente errada em nível intelectual, mas também
moralmente errada.
Podemos, portanto, expressar os principais elementos da agenda dos
novos ateus da seguinte maneira:
1. A religião é um delírio perigoso: ela conduz à violência e à
guerra.
2. Devemos, portanto, livrar-nos da religião: a ciência vai
conseguir fazer isso.
3. Não precisamos de Deus para ser bons: o ateísmo pode
fornecer uma base perfeitamente adequada para a ética.
ALGUMAS DEFINIÇÕES
Precisamos, em primeiro lugar, esclarecer algo sobre o significado
dos termos “ateísmo” e “religião”. De acordo com o Dicionário de
Inglês Oxford (OED), o ateísmo (de ateu + -ismo) é “descrença em
ou negação da existência de Deus”. O OED cita Shaftesbury (1709):
“não acreditar em nenhum Princípio concepção ou Mente, nem
qualquer Causa, Medidas ou Regra das coisas, exceto no Acaso...
isso é ser um perfeito ateu”. Dawkins (citando Steven Weinberg)
define o seu conceito de Deus: “Para que a palavra Deus não se
torne completamente inútil, ela deve ser usada do modo como
as pessoas normalmente a entendem: para denotar um criador
sobrenatural ‘adequado à nossa adoração’.” 49 A aversão declarada de
Dawkins, portanto, é dirigida apenas ao que ele chama de “deuses
sobrenaturais”. Eles são os deuses delirantes e serão distinguidos do
Deus de alguns (iluminados — de acordo com Dawkins) cientistas
e filósofos, para os quais o termo “Deus” se tornou um sinônimo
das leis da natureza, ou de algum tipo de inteligência natural
cósmica que, embora seja superior à inteligência humana, em última
análise, evoluiu da matéria primitiva do universo, como qualquer
outra inteligência inferior. Assim, o alvo dos novos ateus é o Deus
sobrenatural da Bíblia, o qual é o Criador e Sustentador do universo.
Uso o termo “alvo”, a fim de chamar a atenção para o fato de que os
novos ateus não são apenas ateus. Eles talvez sejam melhor descritos
como antiteístas, para contrastá-los com o tipo de ateu que, embora
ele mesmo não acredite em Deus, sente-se feliz ao ver que outros
acreditam em Deus, contanto que eles não o incomodem.