Livros Em defesa de Deus | Page 20

20 Em Defesa de Deus atribuiu a essa conferência tal importância, que, em sua edição especial pelo quinquagésimo aniversário, foi incluído um relatório da conferência em um artigo intitulado: “Em lugar de Deus”. 47 Esse título revela que o objetivo dos novos ateus não é simplesmente concluir o processo de secularização por banir Deus do universo, mas, sim, colocar algo no lugar de Deus. E não é simplesmente a sociedade que deveria substituir Deus por outra coisa; a ciência deveria fazer isso. Aparentemente, nenhuma área do pensamento humano ou atividade que não seja a ciência está qualificada para contribuir com algo útil. A ciência é rainha absoluta. É evidente que a ciência é um conjunto de disciplinas praticadas por seres humanos; de modo que o objetivo principal parece ser fazer desses cientistas o árbitro final, não somente do que os outros seres humanos devem acreditar, mas também do que deve ser adorado por eles — lembre- se de que é Deus quem eles desejam substituir. Detectamos mais tons de totalitarismo? As duas primeiras perguntas da agenda da conferência em La Jolla mostram que propagar o ateísmo é parte de uma meta mais ampla, a entronização da ciência como suprema. Esse objetivo traz semelhanças poderosas com a cruzada de T. H. Huxley nos anos seguintes à publicação de Darwin de A Origem das Espécies. Huxley viu, na teoria de Darwin, sua arma principal para afrouxar domínio exercido pelo cristianismo e alcançar a secularização da sociedade pela dominação da ciência. Em 1874, esse tema ficou em evidência em uma famosa reunião da Associação Britânica, ocorrida em Belfast, na qual Huxley, J. D. Hooker (botânico) e John Tyndall (Presidente da Associação Britânica para a Ciência — o qual trabalhava com gases atmosféricos), foram os oradores principais. Tyndall disse: “Todas as teorias religiosas devem submeter-se ao controle da ciência e renunciar a qualquer ideia de controlá-la”. 48 A DIMENSÃO MORAL Portanto, os novos ateus devem, inevitavelmente, enfrentar a questão da moralidade e da ética. Por essa razão, a terceira questão (Podemos ser bons sem Deus?) aparece na agenda da conferência, mesmo que ela possa parecer incongruente à primeira vista. Os organizadores da conferência sentiram claramente que tinham de lidar com o fato incontestável de que, durante séculos, a fonte da moralidade, pelo menos no Ocidente, tem sido a tradição judaico- cristã. Os novos ateus desejam abolir a religião, então eles precisam