Introdução
nascimento” do Salvador. Isso explica os relatos aparentemente
contraditórios dos anjos na Sua ressurreição. Como John Peter
Lange observou, a mensagem da Páscoa não é um solo nem é a
simples e bela melodia de um coro, mas é ouvida em um estilo
musical superior, é uma fuga* em que o conflito aparente de vozes
individuais é observado e se mesclam em um todo harmonioso
e equilibrado. Aceitamos os relatos como aparecem. (*Nota do
tradutor: A fuga é um estilo musical em que o tema é repetido
por diversas vozes entrelaçadamente. Começa com um tema,
declarado por uma das vozes isoladamente. Uma segunda voz
entra, então, “cantando” o mesmo tema, mas em outra tonalidade,
enquanto a primeira voz continua desenvolvendo com um
acompanhamento contrapontístico. As vozes restantes entram,
uma a uma, cada uma iniciando com o mesmo tema).
A conduta dos discípulos do Senhor após a Sua ressurreição
impede qualquer ideia de fraude ou de alucinação. As testemunhas
são muitas, e o preço pago pelo seu testemunho foi muito alto.
O fato de mais de quinhentas pessoas verem o Senhor em uma
só ocasião impede qualquer ideia de alucinação. Eles tinham as
evidências de seus sentidos. Mentirosos, sob a pressão e a dor da
perseguição, logo teriam confessado a fraude. Esses discípulos
morreram pela sua fé. Depois do choque da surpresa e do medo
inicial – pois eles não anteciparam a Sua morte, muito menos que
Ele ressuscitaria – eles nunca duvidaram das evidências. Somente
um Cristo triunfante poderia ter os tornado tão triunfantes.
Um líder que não havia verdadeiramente morrido, mas que
tivesse sobrevivido à crucificação, nunca poderia ter inspirado
Seus seguidores a crer que Ele era o vencedor sobre a morte e
depois os enviar a encarar um mundo hostil. Sua aparência
enfraquecida poderia ter despertado a pena deles e revelado que
sua reivindicação era falsa. Entretanto, eles foram inspirados por
Ele, capacitados a pregar uma mensagem que provocou a revolta
de ambos judeus e gentios. A história da ressurreição não foi uma
“conspiração benevolente” criada por homens que pensavam que
os fins justificavam os meios.
É digno de nota que os judeus não tentaram esmagar o
movimento do Cristianismo tentando provar que havia fraude,
mas, sim, por ameaças e por perseguição. O fracasso deles
de encontrar o corpo de Jesus, e assim pôr fim à pregação dos
discípulos, tem tanto peso para provar a Sua ressurreição como
9