A VERDADEIRA REVOLUÇÃO
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do pecado deveria ser transmitida pelo sangue de seu
sacrifício substituinte, e o poder para se viver uma
vida pura deveria ser suprido pelo Espírito Santo,
que habita seu interior, concedido por Cristo a todos
aqueles que, em pessoa, depositam nele sua fé.
O mesmo padrão se repete na quarta seção (12:25-
16:5). No judaísmo, no qual os primeiros cristãos
haviam sido educados, o rito iniciatório da circuncisão,
normalmente realizado em bebês poucos dias após o
nascimento, era considerado indispensável para tornar-
se membro da nação santa e útil, se não necessário, para
a salvação. Alguns cristãos inicialmente pensavam que
esse rito ainda era necessário para a salvação; mas,
em uma reunião dos apóstolos e anciãos chamados
a Jerusalém para considerarem a questão, Pedro e
Tiago pronunciaram a decisão oficial, impositiva
e permanente: o rito religioso da circuncisão era
desnecessário para a salvação e não contribuía em
nada para ela, não apenas no caso dos gentios, mas
para os judeus também. Seria impossível exagerar
a importância do passo marcador de época que o
cristianismo deu para longe do ritualismo do judaísmo
daquele tempo.
Similarmente, na seção cinco (16:6-19:20), quando
Paulo e seus companheiros finalmente chegaram à
Macedônia e à Grécia, Lucas, por meio de uma criteriosa
seleção de incidentes e discursos, mais uma vez nos
mostra o cristianismo se definindo contra o segundo
plano, agora não do judaísmo, mas do espiritismo, da
política, da religião e da filosofia pagãos.
Finalmente, na última e maior seção do livro (19:21-
28:31), a atmosfera do registro de Lucas é notavelmente