Levante: A vida pós-cárcere de mulheres no Paraná Levante_Livro | Page 35

Na Operação Sensei, do 17º Batalhão de Polícia Militar, deflagrada em março de 2014, onze pessoas foram presas em Fazenda Rio Grande. Reportagem do Jornal Gazeta do Povo que noticia a Operação, veiculada no dia 13 de março de 2014, relata que os detidos eram acusados de “envolvimento direto com o comércio ilegal de entorpecentes” ou apontados como “autores de homicídios cometidos recentemente na região”. Nem todos os dez outros presos eram próximos de Renata, mas também caíram na escuta da polícia sua mãe, as irmãs Eliane e Liliane e o marido de Liliane, Maicon. Galego fugiu e não foi encontrado pelos policiais. A “família de bandidas” atraiu a atenção da mídia. Ela conta com um misto de rancor e divertimento que os programas policialescos da televisão paranaense mostraram fotos de toda sua família, construindo uma narrativa em cima dos atos das grandes traficantes impiedosas. — Ficamos como os maiores traficantes matadores da Fazenda Rio Grande. Mas a gente traficava pra se manter. A prisão das irmãs, Renata explica: Liliane havia se separado do pai de Luan e, sem nenhuma experiência ou qualificação para o mercado de trabalho, pensou em vender droga. Acontece que experiência de traficante ela também não tinha, o que foi solucionado quando conheceu Maicon, amigo próximo da irmã mais velha. Ele assumiu os cuidados e gastos com a saúde do bebê, e Liliane aprendeu as manhas do tráfico de drogas na prática, assistindo o novo companheiro. A outra irmã, Eliane, que também tinha envolvimento com o tráfico, recebeu um telefonema de Galego, que queria avisá-la que as outras estavam presas. Foi pega na mesma escuta. Já no caso de dona Cissa, Renata nunca se conformou. — Se sua mãe tem uma panificadora e você mora na esquina, 35 | LEVANTE