Levante: A vida pós-cárcere de mulheres no Paraná Levante_Livro | Page 34

unidade que atendia as mulheres encarceradas, o Centro de Regime Semiaberto Feminino (Craf), todas as vagas foram encerradas no ano de 2017. As internas que ali se encontravam foram colocadas em monitoramento eletrônico. Quando saiu, decidiu que mudaria de vida. Arranjou emprego em uma empresa grande de informática e começou um curso de mecânica em que operava tornos computadorizados. Gostava do curso e convenceu Galego a também procurar um emprego. Não queria mais saber de comida da prisão. Pegou-se sonhando com outros caminhos: queria fazer faculdade de engenharia, ir trabalhar em alguma plataforma de petróleo da Petrobras. Ver como colocar a peça certa no lugar certo podia fazer máquinas inteiras funcionarem a deixava fascinada. — Minha vida tava realizada. No início do mês de dezembro de 2013, foi demitida, junto com mais 500 funcionários da empresa. Corte de despesas. A perspectiva do aluguel atrasado no final de ano, do armário de comida vazio em casa e do pensamento de ter passado Natal e Ano Novo no cárcere por dois anos consecutivos a apavorava. Quando o marido pediu que ela buscasse algumas gramas de cocaína, diz não ter pensado muito no assunto. — Eu fui e peguei, né? O que o casal não imaginava era que a Polícia Militar os observava havia quatro meses. Isso porque os hábitos violentos de Galego tinham chamado a atenção das autoridades de segurança pública. — Uma das pessoas que ele tinha matado era o afilhado de alguém grande lá da Polícia Militar, então você imagina o B.O que ele se meteu. 34 | LEVANTE