Levante: A vida pós-cárcere de mulheres no Paraná Levante_Livro | Page 33
Nessa época, tinha crises de depressão, não conseguia trabalho
e passou a ser perseguida pelo ex-companheiro abandonado.
— Firmei no tráfico de novo.
Dessa vez, alugou uma casa para si mesma e comprou móveis,
uma moto e armas, segundo ela indispensáveis para o exercício da
atividade. Retomou contato com os amigos traficantes, e, juntos, tentaram
matar o ex-marido agressor por três vezes, também sem sucesso.
No meio tempo entre as tentativas, Renata já tinha sido presa
e ganhado a liberdade novamente.
Amor bandido
Através de seu sócio nos negócios, conheceu Galego. Como a
alcunha sugere, o rapaz tinha olhos verdes e cabelos louros.
— Traficante grande ele não era, mas matava muito, não queria
saber se era homem, se era mulher. Aí ficou conhecido.
Com ela, Galego era outro. Gentil, não era de levantar a mão
nem falar grosso. Os dois se deram bem, “pegaram amizade”, nas palavras
dela. Passaram a ser parceiros no crime e no amor. Realizavam
as transações comerciais e cobranças juntos, mas tudo era feito no
nome de Renata. Também foi dela o nome no mandado de prisão.
Quando ela foi presa, Galego se safou. Estava limpo.
Ela caiu pela primeira vez aos 20 anos, por tráfico e porte de
armas. Passou um ano e cinco meses em regime fechado na Penitenciária
Feminina do Paraná (PFP) e seis meses no semiaberto, antes
que, por opção do Estado do Paraná, o regime fosse substituído pelo
monitoramento com tornozeleiras eletrônicas. Três unidades do regime
semiaberto foram descontinuadas a partir de 2014 no estado,
o que reduziu o número de vagas de 1,9 mil para 1,5 mil. No caso da
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