Junho/2020 | Page 9

MUDE O MUNDO COMO UMA MENINA Foto: Débora Nisenbaum BIO - LARA FRANCIULLI Natural de São Paulo e tenho 19 anos. Desde pequena gosto muito de estudar e tive sempre o incentivo de meus pais Ana e Luiz e o suporte da escola. Durante o ensino fundamental, participei de olimpíadas científicas e fui medalhista de prata na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM). Já no ensino médio, eu me envolvi com as olimpíadas de informática, e foi quando comecei a me interessar por computação. Esse interesse foi reforçado ao ser selecionada para o Mind The Gap, um evento do Google para promover mais mulheres na computação. Depois do MTG comecei a me envolver com mais iniciativas de igualdade de gênero, sendo palestrante no evento UberMeninas: Mulheres na Tecnologia, organizado pela Uber. Em 2019, iniciei meus estudos de Ciência da Computação em Stanford University e me tornei parte do programa de líderes da Fundação Estudar. 1. Quem é a figura de mulher que te inspira tanto a ter essa vontade de vencer? Eu e minha mãe Ana Elisa sempre fomos muito ligadas. Ela parou de trabalhar quando nasci e, como ela diz, eu virei sua companheira. Antes de eu ir para a faculdade, eu nunca tinha ficado tanto tempo longe da minha mãe. De certa forma, essa separação foi boa para nós duas, pois ganhamos independência uma da outra, mas ainda assim foi muito difícil, mesmo nos falando todos os dias por mensagem ou chamada de vídeo. Às vezes eu estava me sentindo sozinha, nem tinha muito o que conversar, mas ligava para ela para me fazer companhia.A escolha da minha mãe de parar a sua vida dela para se dedicar à maternidade foi muito corajosa - e hoje, agora que estou na faculdade, ela fez uma escolha parecida e mora com a minha avó de 90 anos com Alzheimer, agora a sua “segunda filha”.Minha mãe me ensinou muito a ter força e a me preocupar com as outras pessoas. Ela, junto com o meu pai, me introduziu ao voluntariado na mesma ONG em que ela mesma começou a ser voluntária aos seus 20 anos. Minha mãe sempre me passou a mensagem de que as crianças e seus familiares que conhecemos na ONG são também nossa família, e o amor que ela sente por eles é hoje o amor que também sinto. 2. Quando era pequena a sua mãe/avó te ajudou a ser mais confiante de si? Minha mãe sempre foi minha incentivadora número 1. Para todas as atividades que eu me interessava, mesmo se ela não entendesse muito do assunto, ela estava lá me apoiando: teatro, xadrez, matemática, estudo no exterior… Ela sempre diz que “mãe é profética”. Então desde quando eu sou pequena ela diz para mim: “você é boa, filha, você consegue, você é capaz”. Acho que o fato de ela acreditar em mim, muitas vezes mais do que eu mesma acreditava, foi fundamental para o meu crescimento. Eu gosto de lembrar de quando eu ainda estava no fundamental, recebi um bilhete da escola sobre o início do “Avançado de Matemática”. Seriam aulas de preparação para as olimpíadas de matemática. Apesar de já ter um interesse por essas competições e também pela matéria, eu pensei que as aulas seriam muito difíceis para mim e fiquei com medo de ir. Minha mãe incentivou: “vai para experimentar, filha, se você não gostar, não precisa ir!” PÁGINA 9 LILLIES AND DASIES