Junho/2020 | Page 8

18 D I Á R I O D E B O R D O Texto: Lucília Ribeiro Foto: Lucília Ribeiro Há algo imensamente mágico em reservar um tempo para escrever sobre si mesmo. Desde que assisti ao espetáculo “Kintsugi, 100 memórias” do Lume Teatro, tenho criado o hábito de colecionar pequenos registros da minha trajetória nesse tempo e época.. Me encanta a possibilidade de poder revisitar e transitar entre as décadas de quem fui e de quem poderei vir a ser. Há 10 anos realizei o meu primeiro escrito em um velho diário, que por sinal, era sobre a história do meu nome. Descobri que minha vida se inicia a partir de uma coincidência supersticiosa do destino, onde minha mãe em 93, ao receber um folheto no metrô sobre os diversos tipos de governo, decide entrar em contato com o anunciante para esclarecer suas dúvidas antes da votação. Quem atende ao telefonema é meu pai. Na mesma noite, minha mãe sonha com uma mulher anunciando boas novas “cuida das tuas flores de laranjeiras, você vai se casar” dizia ela. Posteriormente, minha mãe vai de encontro ao meu pai para dialogar sobre o plebiscito. No trabalho de meu pai, um quadro da mulher do sonho, seu nome? Lucília. E foi aí que tudo começou Esse, é o meu nome: Lucília, que significa “pertencente ao brilhante” Tenho 23 anos, sou atriz, mochileira e em breve Psicóloga. Já mudei de casa mais de 14 vezes, e descobri na impermanência das coisas uma abertura para o meu processo artístico criativo. Gosto de contar causos, de atuar, de produzir e transformar o cotidiano óbvio em fragmentos poéticos. “Viver” e “apreciar” são dois verbos dos quais gosto muito, e mesmo que no momento estejamos (ou deveríamos) estar todos confinados, ainda assim, é possível viver e apreciar aquilo que somos no mais profundo íntimo. Basta um lugar confortável, um bloco de notas, uma boa taça de vinho, e a magia acontecerá. Como mencionei no início, há algo imensamente mágico em reservar um tempo para escrever sobre si mesmo. Já tentou fazer isso hoje? PÁGINA 8 LILLIES AND DASIES