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D I Á R I O D E
B O R D O
Texto: Lucília Ribeiro
Foto: Lucília Ribeiro
Há algo imensamente mágico em reservar
um tempo para escrever sobre si mesmo.
Desde que assisti ao espetáculo “Kintsugi,
100 memórias” do Lume Teatro, tenho criado
o hábito de colecionar pequenos registros da
minha trajetória nesse tempo e época..
Me encanta a possibilidade de poder
revisitar e transitar entre as décadas de
quem fui e de quem poderei vir a ser. Há 10
anos realizei o meu primeiro escrito em um
velho diário, que por sinal, era sobre a
história do meu nome.
Descobri que minha vida se inicia a partir de
uma coincidência supersticiosa do destino,
onde minha mãe em 93, ao receber um
folheto no metrô sobre os diversos tipos de
governo, decide entrar em contato com o
anunciante para esclarecer suas dúvidas
antes da votação. Quem atende ao
telefonema é meu pai.
Na mesma noite, minha mãe sonha com uma
mulher anunciando boas novas “cuida das
tuas flores de laranjeiras, você vai se casar”
dizia ela. Posteriormente, minha mãe vai de
encontro ao meu pai para dialogar sobre o
plebiscito. No trabalho de meu pai, um
quadro da mulher do sonho, seu nome?
Lucília. E foi aí que tudo começou
Esse, é o meu nome: Lucília,
que significa “pertencente ao
brilhante”
Tenho 23 anos, sou atriz, mochileira e em breve
Psicóloga. Já mudei de casa mais de 14 vezes, e
descobri na impermanência das coisas uma
abertura para o meu processo artístico criativo.
Gosto de contar causos, de atuar, de produzir e
transformar o cotidiano óbvio em fragmentos
poéticos. “Viver” e “apreciar” são dois verbos dos
quais gosto muito, e mesmo que no momento
estejamos (ou deveríamos) estar todos
confinados, ainda assim, é possível viver e
apreciar aquilo que somos no mais profundo
íntimo.
Basta um lugar confortável, um bloco de notas,
uma boa taça de vinho, e a magia acontecerá.
Como mencionei no início, há algo
imensamente mágico em reservar um tempo
para escrever sobre si mesmo.
Já tentou fazer isso hoje?
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LILLIES AND
DASIES