Jornal do Clube de Engenharia 611 (Fevereiro de 2020) | Page 3
fevereiro DE 2020
INTERNACIONAL
Congresso Mundial de Arquitetos:
a perspectiva de cidades democráticas
Do MAM ao Cais do Porto
Na homenagem, Magalhães falou do papel do
Congresso em fomentar na cidade o desfrute da
arquitetura em seus espaços mais democráticos - os
públicos – e levantar soluções para obstáculos que
persistem, como saneamento e mobilidade urbana.
Está em destaque também a proposta de presente-
ar os congressistas com a vivência da cidade em sua
totalidade, em diversos equipamentos culturais de
uso público, tais como Aterro do Flamengo, Praça
XV e Museu Histórico Nacional. Nessa perspec-
tiva, as atividades vão se espalhar pelo Rio: alguns
edifícios marcantes da arquitetura carioca serão
subsedes do Congresso, como o Palácio Gustavo
Capanema, marco da arquitetura moderna dos
anos 1940 e “uma obra-prima do mundo”, segundo
Magalhães, e o Museu de Arte Moderna (MAM),
assinado por Affonso Eduardo Reidy e herança
dos anos 1950.
Serão ocupados seis pavilhões do cais do Porto.
Trata-se de utilizar a arquitetura urbana em sua
melhor função: “a arquitetura hoje é a construção
do espaço onde vivemos, o espaço de convívio, que é
o espaço público, onde se dá a interação social sem
prévia determinação. É o lugar do encontro onde as
diferenças podem se desenvolver plenamente, onde
o confronto resulta no desenvolvimento social, polí-
tico e econômico do país”, defendeu Magalhães.
Em janeiro de 2019, a cidade do Rio de Janeiro foi
eleita a primeira Capital Mundial da Arquitetura. O
título foi criado no ano anterior pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(Unesco), em parceria com a União Internacional dos
Arquitetos (UIA). E foi assim que a capital fluminen-
se foi selecionada para sediar a 27ª edição do Congres-
so Mundial de Arquitetos (UIA2020RIO), entre os
dias 09 e 23 de julho próximo. A dimensão do evento
foi apresentada pelo presidente de seu Comitê Exe-
cutivo, o arquiteto Sérgio Ferraz Magalhães. Ele foi
homenageado pelo Clube de Engenharia no tradicio-
nal Almoço de Confraternização. Em janeiro já eram
cerca de 4.500 os inscritos, com expectativa de chegar
a 10.000 participantes.
Sérgio Magalhães: “Queremos que o Congresso fomente na cidade
o desfrute da arquitetura em seus espaços mais democráticos - os
públicos – e levante soluções para obstáculos que persistem, como
saneamento e mobilidade urbana.”
Todos os Mundos,
Um Só Mundo
O evento internacional é realizado pela União
Internacional de Arquitetos (UIA) e pelo
Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), e terá
como tema central “Todos os Mundos, Um
Só Mundo, Arquitetura 21”. Existem, ainda,
quatro eixos temáticos nos quais se dividem os
debates e as palestras: Diversidade e Mistura;
Mudanças e Emergência; Fragilidades e De-
sigualdades; e Transitoriedades e Fluxos. Os
envolvidos em sua organização não compõem
apenas o Comitê Executivo, como também
um comitê científico de seis arquitetos e um
Comitê de Honra com personalidades enga-
jadas nos temas em discussão, tais como Paulo
Mendes da Rocha (presidente do Comitê de
Honra), o músico Gilberto Gil, a editora Ma-
risa Moreira Salles e representantes de outros
países, como Álvaro Siza (Portugal), Solano
Benítez (Paraguai) e Diébédo Francis Kéré
(Burkina Faso, África).
Por um modelo mais inclusivo
de cidade
O arquiteto e urbanista Sérgio Magalhães, o
primeiro Secretário de Habitação do Município
do Rio, entre 1993 e 2000, deseja ver o grandioso
encontro de seus colegas de profissão causando
mudanças na cidade, colaborando para resolver
problemas que ainda são grandes obstáculos para o
pleno desenvolvimento de sua população. “Nós não
queremos que o Congresso seja um cabedal de co-
nhecimento que se esgota ao se concluir e ir para o
registro dos anais. Nós queremos que seja proposi-
tivo, que diga coisas para 2025, que diga coisas para
2030 para a cidade, para a região metropolitana
do Estado do Rio de Janeiro e para outras cidades
brasileiras que passam pelas mesmas dificuldades”.
A importância da arquitetura na promoção de
cidades mais democráticas também foi o foco do
presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celesti-
no. No resgate que fez da trajetória profissional de
Sérgio Magalhães, entre outros registros lembrou
que o arquiteto e urbanista foi o responsável pela
concepção do programa Favela Bairro, que foi,
para Celestino, o primeiro programa voltado à
integração da população marginalizada e ao fim da
segregação que se estabelece nas cidades. Na visão
do presidente, o Congresso Mundial de Arquitetos
vem em um excelente momento para o Rio, que
passa por crises de diversas ordens, e tem o poten-
cial de levantar discussões sobre um modelo mais
inclusivo de cidade. “Que este evento seja um mar-
co deste trabalho de construção de uma sociedade
mais digna, mais humana, mais igualitária, que é
o grande papel da arquitetura e do urbanismo no
mundo”, finalizou Pedro Celestino.
Além de Pedro Celestino e Sérgio Magalhães, com-
puseram a mesa de homenagem os ex-presidentes
Raymundo de Oliveira e Helói Moreira; o presi-
dente do Instituto de Arquitetos do Brasil do Rio
de Janeiro (IAB-RJ), Igor de Vetyemy; a vice-presi-
dente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do
Rio de Janeiro (CAU/RJ), Isabel Tostes; e a diretora
executiva do Comitê Organizador Rio 2020, Valéria
Hazan. Leia mais: http://bit.ly/congresso-arquitetos
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