Jornal do Clube de Engenharia 604 (Julho de 2019) | Page 6

retranca O futuro do setor energético: Clube promove debate entre especialistas Energias renováveis, eletrificação veicular, necessidades ambientais: uma série de questões se impõe quando o assunto é a disponibilidade de energia a longo prazo. A necessidade de ampliar o debate levou o Clube de Engenharia a promover a mesa redonda “O Planejamento Energético Nacional”, no dia 02 de Julho, com a participação de Alexandre Salem Szklo, Professor Associado do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ, James Bolivar,chefe da Divisão Técnica de Energia (DEN), e Jeferson Borghetti Soares, superintendente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O evento foi aberto pelo presiden- te do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, que destacou os grandes avanços que o Brasil conquistou desde que conseguiu consolidar seu sistema elétrico, com destaque para as criações da Eletrobras e de Furnas. Foi com essa decisão estatal que o país pôde desenvolver uma enge- nharia pujante, construir grandes hidrelétricas, barragens de qualquer porte e linhas de transmissão que se destacam no mundo. Com a finan- ceirização do sistema elétrico nas últimas décadas, a estabilidade da energia entrou em risco, e o planeja- mento se faz fundamental para um desenvolvimento consistente. 6 A importância dos dados para o planejamento James Bolivar traçou uma retros- pectiva de marcos do setor elétrico e do petróleo no Brasil, demarcando momentos de maior e menor par- ticipação estatal e privatizações. O engenheiro apresentou cinco elemen- tos cujo conhecimento é fundamental para o Planejamento Energético Na- cional: Matriz Energética, Balanço Energético, Balanço de Energia Útil, Detalhamento das Cadeias Energéti- cas e Matriz de Preços. A matriz energética contém in- formações sobre todas as fontes de energia - primárias e secundárias - e sua participação no cenário nacio- nal em determinado ano. O Balanço Energético Nacional junta números da matriz - como a quantidade de petróleo produzida - para dissolver em dados econômicos como quantidade exportada e quantidade importada, o que possibilita compreender o grau de autonomia do país em relação à maté- ria-prima em questão. Por exemplo, no ano de 2018, 28% do gás natural con- sumido no país foi importado. No caso do óleo combustível, nós exportamos 74%. Para Bolivar, os números expõem uma contradição: a exportação de óleo combustível, um insumo mais barato, com o mesmo propósito - produção de energia - do gás natural que é importa- do, e mais caro. “Essas questões são im- portantes para nós refletirmos, vermos o que está acontecendo no setor de energia no país e fazer o planejamento energético”, comentou. Agência Brasil Os dados contemplados no Balanço de Energia Útil e no Detalhamento das Cadeias Energéticas permi- tem, respectivamente, compreender onde cada fonte é mais utilizada, e a eficiência de cada uma. No entanto, nenhum desses estudos está atuali- zado no Brasil. “Nós não sabemos hoje qual é o rendimento da matriz energética brasileira”, comentou Bo- livar. Por último, também para fins de planejamento, a Matriz de Preço das diversas energias - primária, secundá- ria, final - mostra-se importante para uma análise dos custos de cada fonte e o possível impacto no futuro. Os cenários a médio e longo prazo Jeferson Borghetti trouxe ao even- to conhecimentos da Empresa de Pesquisa Energética, na prática o braço técnico do Ministério de Minas e Energia (MME). Borghetti apresentou tanto o Plano Decenal de Expansão de Energia 2027 quanto o Plano Nacional de Energia 2050, projeções a médio e longo prazo da As necessidades não serão as mesmas em todo o país. O olhar regional também se faz necessário. A Matriz de Preço das diversas energias - primária, secundária, final - mostra-se importante para uma análise dos custos de cada fonte e o possível impacto no futuro.