Jornal do Clube de Engenharia 604 (Julho de 2019) | Page 5
Julho DE 2019
inovação
Desafios de gestão na transformação digital
Gestão de talentos, de partes inte-
ressadas e de conhecimento são três
importantes estratégias que as organi-
zações devem adotar para se adequar à
chamada transformação digital, isto é,
a 4ª Revolução Industrial ou Indústria
4.0. A fim de trazer exemplos e meto-
dologias que podem auxiliar negócios,
o Clube de Engenharia recebeu, no dia
4 de julho, a palestra “Transformação
digital de negócios: gerencie talentos,
stakeholders e conhecimento”. Participa-
ram Fátima Sobral Fernandes, conse-
lheira do Clube de Engenharia, sócia
da Transcenderte Desenvolvimento
Humano e Organizacional e Professora
Associada da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ); Octavio Pita-
luga Neto, criador do Conceito NCO
(Chief Networking Officer), e CNO da
TaqTaq; e Elisabeth Gomes, engenhei-
ra, professora da Escola Superior de
Propaganda e Marketing (ESPM) e só-
cia da Dupla Consultoria.O evento foi
promovido pela Presidência e Diretoria
de Atividades Técnicas – DAT.
Octavio Pitaluga Neto, Fátima Sobral Fernandes e Elisabeth Gomes.
res e automação pelo uso de robôs e
programas de computador.
“As pessoas estão no centro
da vida das organizações”
A gestão de talentos, necessidade
perene de qualquer negócio, passa a
ser determinante em um cenário de
transformações das carreiras e das
expectativas sobre os trabalhadores.
Mudança de paradigma
Fátima Sobral Fernandes explica que,
Fátima Sobral Fernandes situou a
muitas vezes, o uso de Tecnologias
transformação digital no contexto
da Informação e Comunicação fica
das revoluções industriais: trata-se da restrito a um setor específico das
empresas, embora deva ser pensado a
integração entre coisas (conectadas e
inteligentes), pessoas e negócios. Para partir de um setor amplo de inovação,
ela, as tecnologias digitais agora estão cuja direção cabe a um líder digital de
topo. Esse profissional precisa reunir
no centro dos negócios, e o desafio é
saber utilizá-las em todos os processos, características como visão sistêmica
e não apenas de forma pontual. “Essa e global, conhecimento de gestão
estratégica, de inovação e mudanças,
mudança de paradigma afeta signifi-
mas também curiosidade, criatividade
cativamente toda a sociedade e nosso
planeta. O Brasil já entrou atrasado na e, principalmente, foco nas pessoas.
Trata-se, segundo Fátima, de um pro-
Revolução Industrial, nos anos 1930.
fissional que deve se preocupar com os
Se não tivermos políticas de Ciência
trabalhadores que não se adequam às
e Tecnologia, vamos nos atrasar mais
mudanças atuais. “É impensável que o
ainda”, alertou. Entre os exemplos de
tecnologias empregadas, Fátima citou sistema vá funcionar com uma horda
de desempregados, produzindo muito
a Internet e os sistemas capazes de
para poucos poderem consumir. É
analisar grandes volumes de dados
um paradoxo que precisa ser resolvi-
(big data), além de diferentes senso-
do”. Para tanto, é preciso traçar um
planejamento contínuo de inovação
e gestão de talentos, identificando a
complexidade das mudanças e criando
fases de criação, realização e avaliação
das ações empregadas.
Do lado dos trabalhadores os desafios
são muitos. Fátima cita que, além de
uma capacitação profissional, para se
tornarem cada vez mais flexíveis, adap-
táveis, motivados e persistentes, é preci-
so investir em inteligência emocional,
por iniciativa própria ou por incentivo
dos setores de Recursos Humanos.
“Falamos em transformação digital, em
Indústria 4.0, mas precisamos também
retomar nossa humanidade. Muitas ve-
zes, nos processos produtivos, ficamos
autômatos e anestesiados de uma série
de potências que possuímos. Precisa-
mos retomar isso, que é o que vai nos
ajudar a engendrar, a desenhar soluções
que sejam coletivamente melhores.”
Gestão de partes interessadas
Paralelamente à gestão de talen-
tos deve haver uma gestão da rede
de contatos das organizações. Para
tratar desse ponto, Octavio Pitalu-
ga Neto apresentou o conceito de
Chief Networking Officer (CNO), uma
espécie de “diretor de relacionamen-
tos”. Esse profissional, segundo ele, é
responsável por traçar uma estratégia
de comunicação e relacionamento da
empresa com clientes, fornecedores,
competidores, investidores, governo
e comunidade, entre outros parceiros
ao redor do seu negócio. O uso de
tecnologias digitais é também primor-
dial para essa tarefa: comumente um
profissional sênior, capaz de gerenciar
parcerias e pessoas, o CNO deve ser
um especialista em negociação. A
diferença com relação à gestão de
talentos é que o CNO tem foco no
radar de influência, onde dificilmente
a empresa terá controle direto.
Gestão de conhecimento
“Transformar digitalmente é o veículo,
a estratégia é que é o combustível para
colocar o negócio em andamento e
gerar resultados”, lembrou Elisabeth
Gomes, que trouxe os benefícios da
gestão do conhecimento. Assim como
a gestão de talentos e de partes inte-
ressadas, não se trata de algo necessa-
riamente novo: a visão sobre a impor-
tância dessa gestão é que tem mudado.
Atualmente, segundo ela, cada vez
mais parece ser vital às empresas o uso
de estratégias para criação, codifica-
ção, registro, disseminação, utilização,
proteção e avaliação do conhecimento
crítico à execução dos negócios. A
ideia é pensar qual conhecimento
precisa ser retido e como isso pode
ser feito de forma contínua e qualita-
tiva, inclusive para que o negócio não
se fragilize em meio ao paradigma
de mudanças rápidas decorrente da
transformação digital. O uso de ferra-
mentas de comunicação, como redes
sociais, pode ser aproveitado pelas
empresas, assim como o big data.
Veja a palestra na íntegra: http://bit.
ly/palestra_transformacaodigital
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