Jornal do Clube de Engenharia 598 (Janeiro de 2019) | Page 4
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ENERGIA
Energia eólica: mão de obra
qualificada ainda é desafio
A energia eólica tem crescimento vertigi-
noso no Brasil, destacadamente no Nor-
deste, onde Rio Grande do Norte e Bahia
lideram a geração desse tipo de energia
e, anualmente, acentuam a contratação
de novos parques eólicos. No entanto, em
ritmo desigual acontece a oferta de profis-
sionais qualificados para as mais de 500
usinas brasileiras. Faltam técnicos e enge-
nheiros em mais de 15 funções necessárias
na cadeia produtiva dos parques eólicos,
passando por fases desde projeto, monta-
gem e manutenção, entre outras. Segundo
a Associação Brasileira de Energia Eó-
lica (ABEEólica), a mão de obra está em
qualificação, com oferta de cursos no setor,
mas quando as empresas chegam a cidades
muito afastadas das capitais buscam fazer
a qualificação de moradores.
Empresas fazem qualificação
Em 2014, a associação identificava a necessidade,
para os próximos quatro anos, de mais 147 mil
trabalhadores. À época, havia cerca de 32 mil
pessoas empregadas no setor. O cenário progre-
diu: em 2016 já eram mais de 150 mil postos de
trabalho. A estimativa da ABEEólica é que a cada
MW instalado no país sejam gerados 15 postos de
trabalho na cadeia produtiva, e os engenheiros es-
tão entre os profissionais mais necessários na área.
O fenômeno não se restringe ao Brasil: estudo da
União Europeia de 2013 identificou que a indús-
tria europeia de energia eólica precisaria de 50
mil novos funcionários até 2030, principalmente
nas áreas de operação e manutenção. A cada ano,
faltam sete mil pessoas qualificadas exigidas pelo
mesmo setor no continente.
De acordo com o Mapa de Carreiras da Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)
referente à energia eólica, as oportunidades se
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dividem entre cinco áreas: desenvolvimento de
projetos, manufatura, construção e montagem,
operação e manutenção, e ensino e pesquisa. En-
contram-se oportunidades para engenheiros de
sistemas elétricos, de transmissão elétrica, de pro-
jetos, ambiental, civil, de qualidade, aeroespacial,
projetista com formação em mecânica, de vendas,
de produção industrial, de recursos eólicos, de
operação e manutenção, mecânico e pesquisador
engenheiro. A remuneração média é R$ 7.000
mensais, sendo que no caso do engenheiro aero-
espacial e do engenheiro de recursos eólicos passa
de R$ 8.000. Também há oportunidades para
níveis fundamental e médio, para técnicos e tec-
nólogos.
O estudo “Atualização do mapeamento da cadeia
produtiva da indústria eólica no Brasil” da ABDI,
datado de 2017, recomenda, como caminho para
otimizar a cadeia produtiva, a premiação de for-
necedores/componentes que contribuam de forma
mais incisiva para ganho de tecnologia e geração
de empregos no País. Ainda na visão da agência, a
indústria deve ser mobilizada a estruturar projetos
de aprimoramento consistentes, tendo como um
de seus requisitos gerar empregos de qualidade.
O mapeamento relata que, segundo empresas
âncoras do setor, há oportunidades para melhoria
da produtividade de fabricantes nacionais através
do desenvolvimento de programas de capacitação,
consultoria e apoio, inclusive para pequenos for-
necedores nas proximidades dos parques eólicos.
A visão da ABEEólica é de que a oferta de opor-
tunidades no setor, apesar de ser um desafio, não
se coloca como um empecilho. “Considerando que
o setor eólico no Brasil tem experimentado um
crescimento consistente nos últimos anos, é im-
portante considerar que as empresas já vêm for-
mando mão de obra qualificada há alguns anos”,
afirma Elbia Gannoum, presidente da associação.
Além das empresas, o próprio setor educacional
começa a se mobilizar para cumprir a demanda
por profissionais. Somente nas unidades Senai do
Rio Grande do Norte, onde estão mais de 140
parques eólicos, são ofertados cursos de “Medição
anenométrica para energia eólica”, “Especialização