Jornal do Clube de Engenharia 598 (Janeiro de 2019) | Page 5

JANEIRO DE 2019 Energia em crescimento Dados confirmam que a cada ano dezenas de novos parques eólicos são instalados no Brasil. Segundo a ABEEólica, o país já tem mais de 14,4 GW de capacidade instalada, em 568 parques eólicos. Passa de sete mil o número de aeroge- radores, em 12 estados. O valor corresponde à mesma capacidade instalada da usina hidrelétrica de Itaipu, a maior em território nacional. Rela- tório da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) mostra que, de janeiro a outubro de 2018, foram gerados 5.197 MW médios, valor que representou 8,3% de toda a energia gerada no período, 17,5% maior do que o mesmo período em 2017. O Plano Decenal de Expansão da Energia 2027, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) no primeiro semestre de 2018, estima que em 2027 o Brasil terá a energia eólica como cor- respondente a 5% da capacidade energética insta- lada, responsável pela geração de 10% da energia do país. A pesquisa prevê que, trabalhando com autoconsumo remoto e geração compartilhada, a energia eólica, assim como termelétrica, biomassa e hidrelétrica, devem apresentar custos menores do que a energia fotovoltaica, apontada no estudo como a que mais crescerá nos próximos nove anos. Política energética favorável Apesar de, há mais de 40 anos, ser conhecida a força dos ventos, esse tipo de energia só se desenvolveu no Brasil com mais vigor a partir de 2001, pós-crise energética, na busca por alternativas para a expansão da geração. O Ministério de Minas e Energia (MME) e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) articularam políticas energética e industrial para alavancar o setor, a começar pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), criado em 2002 para aumentar a participação das fontes renováveis na matriz nacional. No Proinfa, a Eletrobras fazia a compra da energia, com contratos de longo prazo e tarifa incentivada. Além disso, houve grande nacionalização de equipamentos, como os aerogeradores, financiados pela Agência de Financiamento a Máquinas e Equipamentos do BNDES. Mais tarde, em 2009, a energia eólica foi incluída nos leilões de energia, facilitando sua comercialização, e em 2012 o BNDES criou a Nova Metodologia de Credenciamento do Setor Eólico, o primeiro conjunto de regras para o credenciamento de equipamentos para um setor específico. A nova metodologia definiu as etapas produtivas a serem realizadas localmente e o nível mínimo de localização para alguns dos componentes críticos do aerogerador. Hoje, mais de 80% da cadeia produtiva é nacionalizada. Elbia Gannoum ressalta as vantagens do Brasil, para além dos incentivos, na energia eólica: o país tem ventos estáveis, com a intensidade certa e sem mudanças bruscas de velocidade ou direção. São, portanto, produtivos. “Para comparação, podemos citar que a média mundial do fator de capacidade (medida de produtividade do setor) está em torno de 25%. No Brasil, de setembro de 2017 a agosto de 2018 o fator de capacidade médio foi de 42,5%”. Outra vantagem é que o perfil da geração eólica é complementar ao da geração solar e hídrica: diariamente, quando acaba o maior período de insolação, é quando ocorrem os melhores ventos. Assim como os períodos de seca, entre julho e novembro, também são marcados pela maior incidência de vento. O ponto que ainda levanta dúvidas quanto aos benefícios da energia dos ventos diz respeito aos impactos ambientais, principalmente referentes aos aerogeradores, frequentemente associados a altos ruídos e morte de pássaros. Mas, segundo Elbia Gannoum, são situações evitadas e controladas. A colisão de pássaros com as turbinas já foi problema no passado, mas atualmente os órgãos licenciadores não autorizam a implantação de parques eólicos no trajeto de rotas migratórias. A respeito do ruído, é respeitado o limite previsto na Norma da ABNT 10.151, além da resolução CONAMA 462/2014, que disciplina o licenciamento de empreendimentos eólicos. Havendo norma estadual ainda mais restritiva, esta deve ser seguida. “O setor eólico se engaja, portanto, desde o seu início em trabalhar para que os impactos sejam os menores possíveis”, esclarece a presidente da ABEEólica. Em 2014 eram 32 mil pessoas empregadas no setor. Em 2016 já eram mais de 150 mil. A estimativa é que a cada MW instalado no país sejam gerados 15 postos de trabalho na cadeia produtiva. técnica em energia eólica”, “Tecnologia em gera- ção eólica”, “Sistemas elétricos aplicados a parques eólicos”, “Normalização e Desempenho de aero- geradores”, “Especialização técnica em eficiência energética” e “Legislação ambiental aplicada à im- plantação de parques eólicos”. O Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis, em Natal (RN), sequer existia há quatro anos. Parque eólico na Praia da Pedra do Sal, em Parnaíba, Piauí. 5