Jornal do Clube de Engenharia 596 (Novembro de 2018) | Page 6

www.clubedeengenharia.org.br O PAÍS A arte da política é a arte do entendimento As correntes democráticas e republicanas, das quais o Clube de Engenharia orgulhosamente e historicamente faz parte, vêm reiteradamente alertando contra o crescimento da polarização política, que inviabiliza o diálogo e estimula a ruptura. No quadro pós-eleições o posicionamento afirmativo e propositivo da entidade se mantém. Sempre em torno de suas bandeiras históricas: Engenharia, Democracia e Soberania. Hoje, na perspectiva de que a questão central do grande debate nacional que toma conta do país é o sentido de Nação. Um sentido que renasce nos corações e mentes dos brasileiros. Em 2018 esse debate é vital para o futuro do Brasil. O pleito eleitoral para a Presidência da República evidenciou que regredimos, e muito, nas pautas: se, nos anos anteriores, o debate era sobre políticas sociais, econômicas, culturais, hoje estamos defendendo a manutenção da democracia, da separação dos Poderes, do Estado enquanto administrador da economia e da sociedade brasileira. As discussões são sobre preservar o mínimo de civilidade, de respeito e de pluralidade entre as forças políticas, sobre garantir a liberdade de expressão e de pensamento, sobre o fortalecimento do Estado Democrático de Direito. O enfrentamento das desigualdades foi para o fim da fila. São questões que estiveram em pauta nos grandes debates nacionais e, historicamente, no Clube de Engenharia. Por essas e outras razões, um amplo debate sobre as ações do ano que se inicia marcou a primeira reunião do Conselho Diretor da instituição, em 12 de novembro, com análises de conjuntura, apresentação de propostas, nem sempre consensuais, e encaminhamentos de projetos em diversas direções. “A arte da política é a arte do entendimento, sem romper, entendendo que o adversário da véspera pode ser o aliado de hoje. Porque, senão, democracia só se exerceria no calendário eleitoral e não haveria possibilidade de transformar a minoria em maioria ao longo dos mandatos”, afirmou o presidente Pedro Celestino. 6 Avançar é preciso A maioria dos membros do Conselho Diretor presentes concordou: o discurso da negação não faz avançar um Projeto Nacional, simplesmente porque o debate político que se trava hoje demonstra que essa não é uma luta de poucos, é uma luta da sociedade, e como tal deve ser travada. A sequência de intervenções, publicadas a seguir, desenha parte do conjunto das visões e propostas que movimentam a centenária instituição, na afirmação de um consenso que fortaleça os caminhos a seguir. Divergências foram confrontadas em algumas posições derrotadas, vistas como pouco prudentes para o momento que o país vive, mas com a certeza de que o debate continua. Hoje não temos democracia. Faz parte de nossa tradição a luta pelo estabelecimento e o fortalecimento da democracia no Brasil. O Clube, junto com outras instituições, deve cerrar fileiras em defesa da Constituição de 1988 e do seu enraizamento em nossa sociedade. Fernando Uchoa, ex-presidente do Clube de Engenharia A prudência se faz necessária como primeira análise. O momento é de ampliação de uma frente que se dá em ações concretas e formas de atuar coletivas, em uma conjuntura muito forte, com fatos que estão acontecendo, e muitos outros ainda por acontecer. Artur Obino, diretor técnico Nossa tarefa é ir buscar com todo bom senso, com toda celeridade, arregimentar todos aqueles comprometidos com a democracia, com o não desmantelamento da estrutura do país, com a preservação não só das liberdades democráticas, mas também com a integridade física do aparelho do Estado, das empresas industriais, universidades, enfim, da estrutura produtiva, e trabalhar junto ao Congresso e ao governo recém-eleitos para preservar o País como Nação. Cesar Duarte, conselheiro O Clube deve cumprir o seu papel e aprofundar as discussões sobre o que nós somos e o que representa nosso processo histórico. É responsabilidade nossa encontrar uma solução para a crise das empresas brasileiras, que aconteceu há quatro anos. Nós engenheiros, de uma forma geral, não conseguimos dar agilidade à recuperação e atuação dessas empresas, hoje ameaçadas de serem vendidas e desnacionalizadas. É hora de colocarmos a emergência da solução das empresas de engenharia. Ricardo Latgé, conselheiro Essa corrida será uma maratona. Vai ser uma luta de disputa de corações e mentes. Nós no Clube temos de 500 a 600 pessoas votando! Não estamos falando as questões que o conjunto dos engenheiros, inclusive os mais jovens, querem ouvir. Não podemos nos isolar não só da sociedade civil como de quem procuramos representar. E os caminhos devem ser afirmativos. O que nos une é a defesa da democracia. Luiz Antônio Martins, conselheiro