Jornal do Clube de Engenharia 582 (Setembro de 2017) | Page 6
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ENERGIA
Eletrobras é a ‘bola da vez” na política de venda dos bens públicos
Com a venda da Eletrobras, que atua no fornecimento de energia elétrica em quase todo o país, o governo Temer
pretende levantar de 20 a 30 bilhões de reais para ajudar a cumprir a meta de déficit fiscal. Os ganhos, no entanto, já
são uma realidade, não para a população, mas para os acionistas privados.
No dia seguinte ao anúncio do
governo, as ações da empresa
tiveram valorização abrupta.
Em apenas um dia, o fundo de
investimentos 3G Radar, que
possui 5% das ações, arrecadou
78 milhões de reais. “A venda
de ativos deve ocorrer por meio
da redução da participação da
União, hoje correspondente a
40,99% das ações tendo, ainda,
participação do BNDES com
11,86% e fundos federais com
3,45%.
Está à venda uma capacidade
geradora de 46,9 mil MW,
equivalente a 32% da
capacidade de geração elétrica
do país, 70 mil quilômetros
de linhas de transmissão –
metade da malha nacional
– e 6 distribuidoras. Os
consumidores, residenciais e do
Caso seja exercida a opção de privatização das usinas hidrelétricas e seus reservatórios, da Ele-
tronorte, Chesf e Furnas, poderemos ter um atentado à soberania nacional. Fotos: Furnas Centrais
Eletricas
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capital produtivo, deverão pagar
a conta: segundo a Agência
Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), a energia elétrica
pode subir em até 16% após a
privatização.
Mais grave ainda é o
desmantelamento do Sistema
Interligado Nacional (SIN),
único no mundo, que tira
“O MME propõe a discussão de um modelo que
deixa para trás a gestão com base na inteligência
centralizada e cede lugar à inteligência baseada
na nuvem; volátil e veloz na gestão pulverizada.
O Clube de Engenharia se coloca em posição
frontalmente contrária à do MME que, se
implementada, desmontará o SEB, causando
irreparável prejuízo à sociedade brasileira.”
Caso se concretize a privatização
em tela, a empresa adquirente
passará a controlar 47 usinas
hidrelétricas, 114 térmicas, 69
eólicas e 70 mil quilômetros de
linhas de transmissão. Controlará
ainda a vazão de muitos dos
principais rios do país, com
impacto direto sobre o uso
múltiplo dos mesmos, destacando
a prioridade ao abastecimento
d’água à população.
Brasil em perigo
partido das nossas dimensões
continentais, para possibilitar
o transporte de energia desde
o extremo sul do Brasil
até o norte, aproveitando
a diversidade de regimes
hidrológicos. Ou seja, regiões
com estiagem têm sua geração
complementada por geração
provinda de regiões em estação
chuvosa.
O anúncio da privatização da
Eletrobras, dada a relevância
estratégica da empresa, causou
reação imediata e a voz da
academia e de setores ligados
à economia, incluindo as
indústrias, subiu o tom.
Consulta pública nº 33
O Clube de Engenharia,
ouvindo pesquisadores,
especialistas do setor elétrico,
consumidores industriais e
entidades da sociedade civil,
atendeu à consulta pública
nº 33, de 05/07/2017, que
propõe o aprimoramento do
Marco Legal do Setor Elétrico
Brasileiro.
A proposta elaborada (bit.ly/
consultapublica33), tratou da
reforma do setor elétrico e foi
encaminhada ao Ministério
de Minas e Energia (MME)
ressaltando o significado nocivo
da privatização.
“Caso seja exercida a
opção de privatização das
usinas hidrelétricas e seus
reservatórios, da Eletronorte,
Chesf e Furnas poderemos
ter um atentado à soberania
nacional, já que o nosso setor
elétrico tem sido alvo constante
das investidas, entre outros, do
capital chinês e europeu.”’
Afirma ainda o documento:
“O Brasil estará exposto a um
risco de monopól