Jornal do Clube de Engenharia 582 (Setembro de 2017) | Page 7

SETEMBRO DE 2017 Entre outros temas a planejar: tarifas sociais, priorização da utilização dos recursos naturais renováveis e metodologias para a sustentabilidade dos grandes empreendimentos. Propostas do Clube Antes mesmo do anúncio do governo, o Conselho Diretor do Clube de Engenharia já estudava o tema, pois a situação do setor elétrico é sabidamente ruim. Tendo como base um relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho do Setor Elétrico, composto por membros da Diretoria e do Conselho Diretor do Clube, especialistas convidados, academia e consultores, o Conselho aprovou em 10 de julho último o documento “Diretrizes para o Sistema Elétrico Brasileiro” (bit.ly/sebdiretrizes), no qual se destacam as seguintes propostas: (a) Reconhecer que a marcha para uma economia de baixo-carbono, um imperativo reconhecido pelo Brasil e 193 outros países signatários do Acordo de Paris, impõe a existência de um setor elétrico moderno, capitalizado, comprometido com a pesquisa. (b) Fortalecer o planejamento participativo no SEB, com presença de todos os atores e liderança estatal. Entre os temas a planejar devem estar tarifas sociais, a priorização da utilização dos recursos naturais renováveis, metodologias para a sustentabilidade dos grandes empreendimentos e avaliação de impactos sociais e ambientais, cômputo das externalidades nos preços. (c) Restabelecer os conceitos de tarifas balisadas pelos custos de produção e operação (assegurada a reposição dos investimentos prudentes) e precificadas pelo custo marginal de forma a assegurar a melhor alocação de recursos e decisões, reguladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). (d) As novas concessões, durante pelo menos os próximos 10 anos - período de ajuste - deverão ser licitadas por prazos substancialmente mais longos que os atualmente praticados sob a modalidade tarifa pelo custo e utilizando- se o conceito de concessão por bacia hidrográfica. (e) As empresas do Sistema Eletrobras (Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul, Eletronuclear, Itaipu) foram duramente prejudicadas pela imposição das regras previstas na Lei 12.783/2013 (MP 579/12). Além disso, a Eletrobras foi conduzida a assumir concessionárias estaduais de distribuição altamente gravosas, e suas subsidiárias loteadas em função de interesses politico-partidários, forçadas a participar de parcerias público-privadas em projetos nos quais o interesse público foi preterido em função de outros interesses. Seu fortalecimento por meio de medidas saneadoras como elemento central do SEB, especialmente na geração e transmissão, é indispensável. Estas empresas são as maiores operadoras das concessões de serviços elétricos, sendo seus ativos os estruturantes do Setor, razão pela qual não devem ser alienados. (f ) Será necessário promover os ajustes de natureza física, econômico-financeira e organizacional na operação do SEB, bem como atualizar os modelos utilizados para o despacho da geração. Igualmente indispensável será o encaminhamento de medidas necessárias à transição da situação atual para o futuro, que dêem segurança ao investidor em empreendimentos de longo prazo. (g) Na busca da supervisão das empresas estatais e privadas, pela sociedade, para transformá-las em empresas de fato do serviço público, é essencial que os Conselhos de Administração ampliem sua autonomia em relação ao Poder Executivo, cabendo- lhes definir os critérios de mérito para ocupação dos cargos de direção das empresas, como meio de reduzir as interferências políticas externas. 7