Jornal do Clube de Engenharia 577 (Abril de 2017) | Page 8

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Em defesa da engenharia e das empresas públicas

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Mesmo com as sucessivas tentativas de privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos ( CEDAE ), desde os anos 90 , o Clube de Engenharia vem mantendo o posicionamento de apoio à empresa e reafirmando seu caráter público , prestadora que é de um serviço essencial à população do estado . Em 2017 não poderia ser diferente : diante da publicação , em 07 de março , da Lei 7529 / 2017 , que autoriza o poder executivo a alienar ações representativas do capital social da CEDAE entre outras providências , o Clube de Engenharia optou por homenagear a companhia em seu almoço mensal de confraternização , no qual a CEDAE foi representada por Jorge Luiz Ferreira Briard , seu presidente .
No evento , compuseram a mesa do almoço Sebastião Soares , primeiro vice-presidente do Clube de Engenharia , representando o presidente Pedro Celestino ; Jorge Luiz Ferreira Briard , presidente da Cedae ; Raymundo de Oliveira , expresidente do Clube de Engenharia e da Cedae ; Reynaldo Barros , presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro ( CREA-RJ ); Joel Krüger , presidente do CREA-PR ; além de Sérgio Sá e José Yoshimi Arakaki , ex-presidentes da CEDAE .
Estiveram como convidados , da diretoria da CEDAE , além de Briard , Flavio Carvalho , Assessor da Presidência ; Marco Antônio Feijó Abreu , Diretor de Projetos Estratégicos e Sustentabilidade ; Hélio Cabral Moreira , Diretor Administrativo-Financeiro e de Relações com Investidores ;
Humberto de Mello Filho , Diretor de Engenharia ; Edes Fernandes de Oliveira , Diretor de Produção e Grande Operação ; Marcello Barcellos Motta , Diretor de Distribuição e Comercialização Metropolitana ; Kelly Cristine Olmo Pinheiro , Diretora de Gente e Gestão ; Marcio de Melo Rocha , Diretor de Esgotos e Saneamento ; Luiz Claudio Matta , Chefe de Gabinete da Presidência ; e Luiz Alexandre Sá de Faria , Diretor Presidente da Associação dos Empregados de Nível Universitário da CEDAE ( ASEAC ). Também
foram presenças ilustres no almoço o conselheiro Luiz Alfredo Salomão , presidente do Previ-Rio , e o deputado estadual Samuel Malafaia .
Contrário à privatização
O primeiro vice-presidente do Clube , Sebastião Soares , exaltou o serviço público prestado pela CEDAE e defendeu a posição do Clube contrária à privatização , lembrando a trajetória da entidade nesse sentido : “ O Clube de Engenharia tem se envolvido , de
acordo com a sua tradição centenária , em defesa da engenharia , em defesa das empresas públicas ”, afirmou .
Raymundo de Oliveira , expresidente da CEDAE e do Clube de Engenharia , lamentou a tentativa de privatização da companhia , justamente no contexto de grande crise da engenharia nacional , e lembrou outras perdas recentes na área : o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro ( Comperj ), hoje abandonado , a autossuficiência nacional em urânio enriquecido , arbitrariamente ignorada , e a Reforma
Raymundo de Oliveira , ex-presidente do Clube , Jorge Briard , presidente da CEDAE , recebendo a placa da homenagem do Clube de Engenharia , Sebastião Soares , primeiro vice-presidente e Bernardo Griner , Diretor de Atividades Sociais .
da Previdência . Raymundo de Oliveira ainda enfatizou a posição do Clube : “ O Clube de Engenharia está hoje aqui ao lado da CEDAE , dos trabalhadores da CEDAE , pelos empregos da CEDAE , pelos nossos empregos ”.
Controle deve ser estatal
Em seu discurso , o presidente da Cedae , Jorge Briard , afirmou não ser completamente contrário à participação privada , mas totalmente
a favor do controle público : “ Eu acho difícil que somente com a área pública ou somente com a área privada esse país venha a conseguir caminhar sozinho num prazo que seja aceitável para a população , de 15 a 25 anos . Vai ter que ter uma união de esforços para isso . Mas fundamentalmente o controle do saneamento deve ser público ”.
Ele se utilizou dos números de sucesso da Companhia , tanto na busca pela universalização do acesso a água e esgoto no estado , quanto financeiramente . Segundo Briard , se há 10 anos a área coberta pela CEDAE tinha 200 litros por segundo de esgoto tratado , hoje são mais de 6 mil . São atendidas pela companhia quase 13 milhões de pessoas , muitas em lugares onde a infraestrutura mal pode ser aplicada , e muitas outras em cidades que não teriam condições de ter saneamento por conta própria , pois não dão lucro , mas são servidas em virtude do subsídio cruzado .
Financeiramente , a eficiência também se mostra inquestionável : em 2016 , a CEDAE teve lucro de quase 380 milhões de reais , com crescimento na cobertura de água e esgoto , com quase 5 bilhões de recursos próprios na execução de obras . “ Esperamos que essa modelagem que está prevista para sair , e da qual nós esperamos participar e contar com a participação de vocês , possa ser uma modelagem que leve ao controle público , ao entendimento de que o monopólio natural de saúde pública é um bem que é disputado no mundo inteiro não deve ficar na mão do lucro . A lógica do lucro é normal mas não é a melhor escolha para uma área como a do saneamento básico ”, afirmou .