Jornal do Clube de Engenharia 575 (Fevereiro de 2017) | Page 7

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FEVEREIRO DE 2017 cidades inteligentes têm a ver com custos , mais do que com tecnologia . “ Há alguns embriões implantados fora do Brasil . E , no país , iniciativas isoladas e alguns testes , com muitas respostas positivas ”, afirma . Entre os projetos experimentais , ela lembra que em 2015 a Prefeitura do Rio de Janeiro desenvolveu um teste na região da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes , para avaliar fornecedores de iluminação pública , com recurso de dimerização remota . Ou seja , capazes de reduzir a intensidade da luz nos momentos de menor tráfego . O fornecedor foi escolhido , mas os equipamentos não chegaram a ser adquiridos .
Para Fernando Matesco , diretor técnico do Instituto de Cidades Inteligentes ( ICI ), organização sem fins lucrativos de Curitiba / PR , a maior parte dos municípios está na etapa de digitalização e automação de processos , ou de migração de sistemas para o celular , prévia à interconexão ampla . A crise , na opinião do gestor , dificulta os investimentos , que precisarão incluir lâmpadas inteligentes , semáforos , câmeras de segurança . “ Mas o cidadão vai exigir cada vez mais serviços de qualidade , mais mobilidade , mais informação no smartphone .”
Além de Curitiba , o ICI conta na sua carteira de clientes com cidades como Osasco , Teresina , Distrito Federal , e o Tribunal de Contas do Paraná . Para a capital do estado , onde 100 % dos prédios públicos são integrados por fibra óptica , desenvolveu a central de atendimento 156 e participa do “ piloto ” que está sendo conduzido pela prefeitura em um parque local para dimerização e acionamento remoto de cerca de 50 postes de luz .
Já em Campinas / SP , o instituto Informática de Municípios Associados ( IMA ) também pesquisa soluções para cidades inteligentes , que atendem à prefeitura da cidade e a outros municípios interessados . Segundo Marcio Fernando Correia , que deixou recentemente a diretoria técnica para atuar na área de governança do IMA , além de chamadas públicas para estímulo a startups , o instituto promove hackatons que atraem desenvolvedores para maratonas de 24 horas de criação de aplicativos para áreas como educação , mobilidade urbana , acessibilidade , saúde . O próximo está previsto para março .
Entre outros resultados dessas iniciativas , um aplicativo de telemedicina foi desenvolvido para que os médicos de Campinas possam emitir laudos de exames a distância , por meio de tablets ou celulares . O técnico do IMA conta que a solução está em teste , e aguarda que a empresa fornecedora conclua a conexão na rede de todos equipamentos responsáveis pelos exames , uma operação que , segundo ele , envolve custo e complexidade .
Na última Campus Party , evento de tecnologia que aconteceu em São Paulo entre os dias 31 de janeiro e 5 de fevereiro , André Gomyde , presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas ( RBCIH ), anunciou a criação de um novo ranking para medir os avanços na área feitos pelos municípios . A RBCIH faz parte da Frente Nacional de Prefeitos ( FNP ), que reúne as 350 maiores cidades do país .
Segundo Gomyde , quatro cidades serão selecionadas como piloto para testar os indicadores que vão servir de base para o ranking a partir do próximo ano . A escolha está programada para abril , durante o Encontro dos Municípios com Desenvolvimento Sustentável , evento da FNP que acontece a cada dois anos . “ Nos quatro dias do Encontro , vamos definir os critérios para os projetos-piloto , mas a ideia é que sejam cidades menores ”, afirmou .
Também criaram o aplicativo Guarda Amigo , com “ botão de pânico ”, que dispara do celular um alerta com a localização do usuário para os números cadastrados , da Guarda Municipal e / ou de familiares . Há ainda uma versão para ciclistas , e , este mês será lançada uma versão específica para mulheres .
Em 2017 , o departamento comercial do IMA também será ampliado , afirma Correia , devido ao crescimento da procura , especialmente por parte de outras prefeituras . Há grande interesse , por exemplo , em sistemas para a área de segurança . “ Principalmente nessa área , as cidades precisam ser interligadas , porque as polícias dos municípios próximos podem colaborar umas com as outras ”, diz .
Em São Paulo está disponível um aplicativo que , em contato direto com o Centro de Gerenciamento de Emergências , avisa o usuário sobre possíveis alagamentos
Um novo ranking para medir os avanços
No mundo , o presidente da RBCIH diz que os negócios com robótica , cidades inteligentes e Internet das Coisas movimenta atualmente US $ 1,3 trilhão por ano em negócios . Por aqui , as experiências ainda envolvem investimentos iniciais em digitalização e infraestrutura , mas que , na sua avaliação , estão crescendo . Ele acredita que só a partir de 2030 haverá cidades no país integralmente inteligentes . “ É preciso planejar e pensar a longo prazo .”
Outro ranking , o Connected Smart Cities , é realizado pela empresa UrbanSystems , em parceria com a Sator , que organiza evento sobre o tema . Na edição de 2016 , São Paulo liderou a contagem de pontos nos 73 indicadores aplicados a 500 cidades , seguida pelo Rio de Janeiro e por Curitiba .
Foto : Flickr de Gabriel de Andrade

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