Jornal do Clube de Engenharia 572 (Novembro de 2016) | Page 5

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NOVEMBRO DE 2016 energia

Mesa-redonda debate papel das hidrelétricas

No âmbito nacional , o Plano Decenal de Energia 2024 prevê para o referido ano , na totalidade de energia elétrica ( instalada no país e importada ), a participação de fontes renováveis em 84 %. Nesse contexto , em 2024 , as hidrelétricas fornecerão 56,7 % da energia do país . Os motivos para a centralidade dessa fonte foram temas da mesa-redonda “ O papel da geração hidrelétrica na matriz elétrica brasileira - presente e futuro ”, em 5 de outubro , no Clube de Engenharia .
A palestra de José Eduardo Moreira , engenheiro civil e diretor para Assuntos Internacionais da Academia Nacional de Engenharia ( ANE ) contou com um painel de oito debatedores com dados e argumentos sobre a geração de energia hidrelétrica no Brasil , dificuldades na realização desse tipo de empreendimento e perspectivas para o setor no país .
As usinas hidrelétricas apresentam diversas vantagens relacionadas por José Eduardo Moreira em sua palestra : a geração de energia hidráulica é a de menor custo ; é energia limpa ; tem longa vida útil ; possibilita energias alternativas ; e funciona 24 horas por dia , não importando se tem sol ou vento . Além disso , os projetos atuais têm reservatórios menores , cuja construção tem menor impacto de inundação e pouco afetam as áreas indígenas . “ A engenharia nacional sabe fazer um projeto de hidrelétrica considerando a sustentabilidade ”, afirmou .
Alexandre Uhlig , Eduardo Chagas , Tarcisio Castro , Marisa Marques , Flavio Miguez , Rafael Kelman , Francis Bogossian e Gil Maranhão .
Moreira foi complementado por Flavio Miguez de Mello , também diretor da ANE e presidente honorário do Comitê Brasileiro de Barragens ( CBDB ): nas novas usinas hidrelétricas estruturantes ( UHE ), cujas potências vão de 90 mil a 160 mil megawatts , os reservatórios ocupam menos de 1 % da área e operam predominantemente a fio d ’ água . Ainda apresentam numerosos usos , com destaque para o controle de enchentes e a navegação dos rios .
Rafael Kelman , engenheiro civil e diretor da PSR Consultoria , demonstrou preocupação com a meta brasileira , demarcada no Acordo de Paris , de aumentar a participação das energias renováveis excluindo as hidrelétricas de modo a alcançar participação de 23 % na matriz elétrica nacional em 2030 . Segundo ele , as hidrelétricas se incluem entre as renováveis , são mais eficientes do que as demais e o Brasil tem também a meta de aumentar em 10 % sua eficiência . No cenário atual , as hidrelétricas são capazes de suprir a energia ausente nos casos de ineficiência das demais energias limpas . “ A hidrelétrica tem que ser um recurso do Brasil que viabilize as outras renováveis , em parceria ”, defendeu .
Alexandre Uhlig , diretor de Sustentabilidade do Instituto Acende Brasil , acrescentou que até 2035 a demanda de energia será de cerca de 70 GW . Caso esta seja suprida por fontes não hídricas , como carvão mineral , eólica , biomassa e solar , a emissão de gases de efeito estufa no setor elétrico aumentará em 80 %. Com tantas mudanças , para um setor cuja operação é de longo prazo , falta “ previsibilidade para possíveis investidores ”.
Francis Bogossian , diretor vicepresidente da ANE e ex-presidente do Clube de Engenharia defendeu a sustentabilidade do modelo : “ O Brasil não pode abrir mão da dianteira mundial que tem em relação às energias renováveis e principalmente da energia produzida pelas usinas hidrelétricas , considerando o enorme potencial hidráulico ainda a ser explorado ”.
Os debates foram enriquecidos , ainda , com a participação de Tarcisio Castro , engenheiro civil e gerente de projetos na PSR Consultoria ; Eduardo Chagas , Gerente do Departamento de Energia Elétrica 1 do BNDES ; Marisa Moreira Marques , engenheira civil e coordenadora de projetos e do engenheiro Gil Maranhão , diretor da empresa Engie .
A mesa-redonda foi promovida pela Diretoria de Atividades Técnicas ( DAT ), Divisão Técnica de Geotecnia ( DTG ) e Divisão Técnica de Energia ( DEN ), com apoio da Divisão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento ( DRHS ), Divisão Técnica de Engenharia do Ambiente ( DEA ), Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica ( ABMS - Núcleo Rio ), Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental ( ABGE - Núcleo Rio ) e Comitê Brasileiro de Barragens ( CBDB ).
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