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Teriam os patrocinadores sido muito duros em puni-la dessa maneira? Para Clarisse Setyon, professora do MBA de negócios do esporte da ESPM, preocupa a rapidez com que as marcas se posicionaram. “Eu enxergo o investimento como parceria e num momento como esse ela teria que prevalecer”, afirma. “Sharapova teve uma postura muito correta ao apresentar o problema . É preciso melhorar a gestão nessa parceria esportiva.”


A maneira como Sharapova reagiu aos problemas, contudo, dividiu opiniões. Para Eduardo Tomiya, diretor geral da Kantar Vermeer, a tenista deveria ter se reunido previamente com as marcas para criar uma estratégia de gerenciamento de crise. Segundo ele, a falta dessa conversa trouxe apenas prejuízos. “Houve uma certa imaturidade em lidar com a situação”, afirma Tomiya.

“Essa troca de informações faz parte da construção da marca, inclusive da dela.”

O tropeço da russa ainda pode causar danos mais graves à sua imagem e ao seu bolso. Outros apoiadores, como a Evian, conhecida por suas águas vindas dos Alpes franceses, e a americana de cosméticos Avon ainda não se posicionaram. Uma eventual condenação, que deixaria a tenista até quatro anos fora das quadras, pode significar novas quebras de contrato. Até o julgamento, sem data para ocorrer, ela está impedida de jogar, o que coloca em xeque a sua participação na Olimpíada do Rio de Janeiro.

Como alento, a fabricante austríaca de raquetes Head foi a única a se manter do lado da atleta, renovando seu contrato na quinta-feira 10. “A honestidade e a coragem que ela teve em reconhecer seu erro é admirável”, disse Johan Eliasch, CEO da empresa.


A missão de Sharapova é tentar não repetir os mesmos erros de outros esportistas flagrados em situação similar. Um dos casos mais notórios é o do ex-ciclista americano Lance Armstrong. Considerado um ícone e um exemplo de superação, ele foi banido após montar um esquema de doping que funcionou por mais de uma década, descoberto pela Agência Americana Antidoping. Potências como a Nike e a cervejaria Budweiser, da AB InBev, cortaram relações com o esportista. “O ideal para Sharapova é montar um plano de ações a fim de  mostrar ao público que isso não vai mais acontecer”, afirma Tomiya. 


Sharapova foi informada do resultado há algumas semanas pela Federação Internacional de Tênis. Alegou fazer uso dessa substância há 10 anos para tratar uma insuficiência de magnésio, uma arritmia cardíaca e prevenir o histórico familiar de diabetes. “Assumo a responsabilidade.

Recebi mensagem da Agência Mundial Antidoping em dezembro e não chequei a lista de produtos proibidos”, se justificou. Conhecido também como Mildronate, esse fármaco,  produzido na Letônia e distribuído somente nos balcãs e na Rússia, melhora a circulação do sangue. Isso justificaria a decisão da Wada em restringi-lo. Bola fora de Sharapova.

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Mohamed

João

Guilherme

Doping/Novembro 2016 27