INTERPRESS (Junho, 2019) | Page 31

que não pode sob nenhuma hipótese aparen- tar acusar alguém sobre um ocorrido, ou outra atitude semelhante que denigra ou desrespeite aquela fonte. O jornalista que respeita a hu- manidade, os sentimentos e que tem respeito com a morte, pode ser um profissional excep- cional para todos, é só questão de bom senso. Repórter Isabela Scalabrini no IML (Instituto Médico Legal) minutos antes de entrevistar a mulher que per- deu o marido/Fonte:Diário Centro do Mundo Vejamos mais um exemplo: “Por que ele fez isso? Ele tinha motivo para isso? É importante você falar para defender a hon- ra da sua família. Você se sente culpada de alguma forma?” (repórter Marcelo Mo- reira entrevistando Tatiana Taucci, mãe de um dos atiradores da escola de Suzano.). No dia 13 de Março deste ano, cinco es- tudantes e duas funcionárias da Escola Esta- dual Professor Raul Brasil, em Suzano, foram assassinados por dois jovens que adentraram a escola armados. Ao tentar entrevistar a mãe de Guilherme, Marcelo Moreira literalmen- te a segue pela rua enquanto ela cobre o rosto na tentativa de fazê-lo perceber que sua pre- sença a incomoda. Foi correto da parte dele ir atrás de uma mulher que acaba de receber a notícia de que o próprio filho tirou vidas? A situação se torna problemática quando ul- trapassa a ética e a moral, intimida e frustra a pessoa que está sendo entrevistada- o que cla- ramente está acontecendo nos dois casos aci- ma. Por isso, o jornalista deve apenas relatar o fato e tornar a entrevista algo mais objetivo, sem forçar o entrevistado a falar sobre o assun- to, com o intuito de evitar conflitos emocionais com esses indivíduos. Além disso, deve refor- çar a ausência de ponto de vista do repórter, 31