INTERPRESS (Junho, 2019) | Page 28

No Brasil, um dos mais consagrados es- tudiosos sobre esse estilo é o jornalista, escri- tor, psicólogo, doutor em literatura pela PU- C-Rio e pós-doutor pela Université de Paris/ Sorbonne III, Felipe Pena. Ele foi finalista no prêmio Jabuti em 2010, com “Seu Adolpho”, um livro que retrata uma narrativa póstuma de Adolpho Bloch sob as percepções da família e amigos do falecido. Em 2012, Pena também foi finalista do mesmo prêmio com o livro “No Jornalismo Não Há Fibrose”. Em seu li- vro “Jornalismo Literário”, o jornalista e es- critor denomina como “estrela de sete pontas” um conjunto de características que são utiliza- das no jornalismo literário: “Potencializar os recursos do jornalismo, ultrapassar os limites dos acontecimentos cotidianos, proporcionar visões amplas da realidade, exercer plenamen- te a cidadania, romper as correntes burocrá- ticas do lead, evitar os definidores primários e, principalmente, garantir perenidade e pro- fundidade aos relatos” (PENA, 2008, p.13). A principal figura que representa o Jornalismo Literário no Brasil é o jornalis- ta Euclides da Cunha (1866-1909). O autor nacional cobriu a Guerra de Canudos, que aconteceu no interior da Bahia durante 1896 e 1987, para o jornal O Estado de S. Paulo. Após cinco anos, utilizou esse material para escrever o aclamado livro “Os Sertões”, pu- blicado em 1902. O relato de um fato mar- cante mesclado com literatura representou um marco na história do Brasil, principalmen- te por possuir um caráter crítico e realista. O best-seller “Holocasto Brasileiro” da jornalista nacional Daniela Arbex, publicado em 2013, é considerada uma obra atual e de re- ferência no Jornalismo Literário. Isso se deve à trama impactante que relata os horrores vividos pelas vítimas do Hospital Colônia de Barbacena 28 de 1930 até 1990. Outro destaque nessa área é o livro “Estação Carandiru”, de Dráuzio Va- rella, lançado em 1999. Todos esses exemplos de narrativas possuem em comum os diversos pontos de vista que ressaltam em suas repor- tagens-literárias, o que possibilita uma narra- tiva mais completa e complexa para os even- tuais acontecimentos históricos pelo mundo. Atualmente, o Jornalismo Literário ain- da está em processo de expansão. É comum que muitas pessoas conheçam narrativas des- se gênero, mas não saibam identificá-las como tal. Comprova-se essa afirmação com uma pes- quisa feita com os alunos do curso técnico de Produção de Moda e Equipamentos Biomédi- cos no Centro Federal de Educação Tecnoló- gica de Minas Gerais (CEFET-MG). Quando perguntados se conheciam o Novo Jornalismo, 100% dos alunos responderam que desconhe- ciam, após uma breve explicação, alguns alu- nos mostraram conhecimento citando livros, documentários e filmes baseados em fatos re- ais. Os alunos Bruno Quirino e Tiago Lopes do curso Equipamentos Biomédicos concordaram ao dizer que esse tipo de narração aproxima o leitor dos fatos que estão sendo narrados, criando uma espécie de conexão e empatia. É possível, então, relacionar essa afirma- ção à fala de Edvaldo Pereira Lima em uma entrevista para o Canal UCSPlay, em 2018. Nela, Lima ressalta que os melhores jornalis- tas literários evitam expressar sua opinião de forma clara porque assim, contribuem para que o leitor transcenda na compreensão do fato. Edvaldo Pereira Lima na entrevista para o canal UCSPlay . Fonte: Reprodução/UCSPlay