No Brasil, um dos mais consagrados es-
tudiosos sobre esse estilo é o jornalista, escri-
tor, psicólogo, doutor em literatura pela PU-
C-Rio e pós-doutor pela Université de Paris/
Sorbonne III, Felipe Pena. Ele foi finalista no
prêmio Jabuti em 2010, com “Seu Adolpho”,
um livro que retrata uma narrativa póstuma de
Adolpho Bloch sob as percepções da família
e amigos do falecido. Em 2012, Pena também
foi finalista do mesmo prêmio com o livro
“No Jornalismo Não Há Fibrose”. Em seu li-
vro “Jornalismo Literário”, o jornalista e es-
critor denomina como “estrela de sete pontas”
um conjunto de características que são utiliza-
das no jornalismo literário: “Potencializar os
recursos do jornalismo, ultrapassar os limites
dos acontecimentos cotidianos, proporcionar
visões amplas da realidade, exercer plenamen-
te a cidadania, romper as correntes burocrá-
ticas do lead, evitar os definidores primários
e, principalmente, garantir perenidade e pro-
fundidade aos relatos” (PENA, 2008, p.13).
A principal figura que representa o
Jornalismo Literário no Brasil é o jornalis-
ta Euclides da Cunha (1866-1909). O autor
nacional cobriu a Guerra de Canudos, que
aconteceu no interior da Bahia durante 1896
e 1987, para o jornal O Estado de S. Paulo.
Após cinco anos, utilizou esse material para
escrever o aclamado livro “Os Sertões”, pu-
blicado em 1902. O relato de um fato mar-
cante mesclado com literatura representou
um marco na história do Brasil, principalmen-
te por possuir um caráter crítico e realista.
O best-seller “Holocasto Brasileiro” da
jornalista nacional Daniela Arbex, publicado
em 2013, é considerada uma obra atual e de re-
ferência no Jornalismo Literário. Isso se deve à
trama impactante que relata os horrores vividos
pelas vítimas do Hospital Colônia de Barbacena
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de 1930 até 1990. Outro destaque nessa área
é o livro “Estação Carandiru”, de Dráuzio Va-
rella, lançado em 1999. Todos esses exemplos
de narrativas possuem em comum os diversos
pontos de vista que ressaltam em suas repor-
tagens-literárias, o que possibilita uma narra-
tiva mais completa e complexa para os even-
tuais acontecimentos históricos pelo mundo.
Atualmente, o Jornalismo Literário ain-
da está em processo de expansão. É comum
que muitas pessoas conheçam narrativas des-
se gênero, mas não saibam identificá-las como
tal. Comprova-se essa afirmação com uma pes-
quisa feita com os alunos do curso técnico de
Produção de Moda e Equipamentos Biomédi-
cos no Centro Federal de Educação Tecnoló-
gica de Minas Gerais (CEFET-MG). Quando
perguntados se conheciam o Novo Jornalismo,
100% dos alunos responderam que desconhe-
ciam, após uma breve explicação, alguns alu-
nos mostraram conhecimento citando livros,
documentários e filmes baseados em fatos re-
ais. Os alunos Bruno Quirino e Tiago Lopes do
curso Equipamentos Biomédicos concordaram
ao dizer que esse tipo de narração aproxima
o leitor dos fatos que estão sendo narrados,
criando uma espécie de conexão e empatia.
É possível, então, relacionar essa afirma-
ção à fala de Edvaldo Pereira Lima em uma
entrevista para o Canal UCSPlay, em 2018.
Nela, Lima ressalta que os melhores jornalis-
tas literários evitam expressar sua opinião de
forma clara porque assim, contribuem para que
o leitor transcenda na compreensão do fato.
Edvaldo Pereira Lima na entrevista para o canal
UCSPlay . Fonte: Reprodução/UCSPlay